O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) anunciou doação de R$ 1,6 bilhão para o Haiti, que enfrenta uma crise humanitária e crescente violência.
O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e detalhado pelo presidente do BID, Ilan Goldfajn, ex-chefe do Banco Central brasileiro. Eles estavam no Palácio Itamaraty, em Brasília, para evento diplomático com líderes caribenhos, a Cúpula Brasil-Caribe.
De acordo com Goldfajn, a doação terá como destino a ajuda humanitária e não contemplará assistência militar ou de forças policiais.
Os recursos do BID deverão ir para projetos como alimentação escolar, recuperação de hospitais, infraestrutura básica, entre outros. Também haverá financiamento para criar emprego e renda no setor privado haitiano.
Os valores fazem parte de um programa mais amplo liderado pelo BID a pedido das autoridades haitianas e da comunidade internacional para coordenar o Plano de Recuperação 2025-2030 do Haiti, em colaboração com a ONU, a União Europeia e o Banco Mundial.
O Haiti sofre com uma crise humanitária e domínio por gangues armadas, o que tem gerado crescente violência no último ano. A situação teve destaque nas discussões do encontro.
Lula defendeu maior engajamento da ONU para aliviar a crise haitiana. “O Brasil apoia que a ONU assuma parte do financiamento da missão multinacional de segurança ou a converta em uma operação de paz”, declarou.
Em setembro do ano passado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a extensão, por ao menos um ano, da missão multinacional de ajuda à polícia do Haiti.
O presidente brasileiro também anunciou que o Brasil fará aporte de US$ 5 milhões ao Banco de Desenvolvimento do Caribe.
“O Brasil vai aportar US$ 5 milhões ao Fundo Especial de Desenvolvimento do Banco do Caribe. Isso representará novas oportunidades para que empresas brasileiras participem de licitações realizadas com financiamento da instituição”, disse o petista.
O fundo prevê a destinação de US$ 50 milhões para ações no Haiti.
O governo Lula estudava fazer um aporte de até US$ 9 milhões, mas o valor foi reduzido por causa das restrições orçamentárias do Brasil. A doação deve ir para projetos relacionados a mudanças climáticas, combate à pobreza e melhoria da educação.
A Cúpula Brasil-Caribe recebeu 12 representantes de países caribenhos em Brasília. As discussões incluíam, além de questões locais, os debates da COP30, que será realizada em Belém em novembro.
O encontro também tratou do fortalecimento da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), além da ampliação do engajamento dos países caribenhos com a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Do governo brasileiro participaram os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Esther Dweck (Gestão e Inovação), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Anielle Franco (Igualdade Racial), Margareth Menezes (Cultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Lula anunciou que, para dar seguimento aos compromissos da cúpula, será criado um fórum Brasil-Caribe em nível ministerial, que se reunirá periodicamente.
Veja lista de representantes estrangeiros da Cúpula Brasil-Caribe
1. Presidente da República Dominicana, Luis Abinader
2. Presidente da Guiana, Irfaan Ali
3. Presidente do Conselho Presidencial de Transição do Haiti, Fritz Jean
4. Vice-Presidente de Cuba, Salvador Valdés Mesa
5. Primeiro-Ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne
6. Primeiro-Ministro das Bahamas, Philip Davis
7. Primeira-Ministra de Barbados, Mia Mottley
8. Primeiro-Ministro de Santa Lúcia, Philip J. Pierre
9. Ministro dos Negócios Estrangeiros de São Cristóvão e Névis, Denzil Douglas
10. Presidente do Senado da Jamaica, Thomas Tavares Finson
11. Ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Exterior de São Vicente e Granadinas, Frederick Stephenson
12. Ministro dos Negócios Estrangeiros de Granada, Jospeh Andall
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