Autoridades de China e Brasil destacam oportunidades | Summit Valor Brazil China 2025

Com referências ao impacto dos recentes aumentos de tarifas impostos a vários países pelos Estados Unidos, autoridades que abriram o “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, na manhã de quarta-feira (23) em Xangai, na China, ressaltaram que Brasil e China podem ser aliados no resgate do multilateralismo, na promoção do livre comércio e na transição energética. No evento, também foram ressaltados os 50 anos de relações bilaterais entre Brasil e China, completados em 2024.

Frederic Kachar, diretor geral da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio (SGR), destacou os avanços nas trocas comerciais entre os países, que fomentaram o desenvolvimento de suas respectivas vocações. “Pelo lado do Brasil, nos tornamos um celeiro do mundo, atingindo a liderança nas exportações de soja, milho, carne bovina, celulose, café e açúcar. Do lado chinês, vimos a espetacular evolução das empresas de tecnologia, bens de consumo e de equipamentos para produção de energia sem emissão de carbono”, afirmou, ressaltando que a China hoje é o destino de 30% das exportações brasileiras.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que Brasil e China podem ser grandes aliados na defesa das relações multilaterais, abaladas pela política tarifária dos EUA, especialmente na transição energética e no combate às mudanças climáticas. “Juntos, os dois países podem aproveitar a hesitação global quanto ao Acordo de Paris e transformá-la em oportunidade de geração de negócios, emprego e renda.”

A possibilidade de cooperação bilateral na transição energética também foi destacada por Marcos Galvão, atual embaixador do Brasil na China. Fazendo um paralelo com a crise do petróleo em 1974, quando as relações diplomáticas entre os dois países foram estabelecidas, Galvão mencionou a mudança de posição que se deu desde então – na época, o Brasil buscava incluir a China entre seus fornecedores de petróleo, quadro que perdurou entre 1978 e 1987. “Hoje o Brasil é fornecedor de petróleo para a China, e, no momento em que se enfrenta o grave problema global da mudança do clima, temos na COP30 uma oportunidade de avanço”, disse. Ele ressaltou que a maior parcela de investimentos chineses no Brasil – cuja matriz energética é a mais limpa entre os países do G20 – ocorre no setor elétrico.

“Todos nós que trabalhamos direta ou indiretamente no relacionamento Brasil-China sabemos que há muito o que aprofundar e a muito a explorar. E é isso o que nos trouxe aqui, afirmou Marcos Caramuru, conselheiro consultivo internacional do Cebri e ex-embaixador do Brasil na China

A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e ex-presidente da República, Dilma Rousseff, que comanda em Xangai a instituição multilateral fundada pelos Brics, destacou o crescimento da corrente de comércio entre os dois países. “Brasil e China vêm mostrando ao mundo como uma relação de igual para igual pode levar a um resultado de grandes ganhos mútuos”, disse.

Para as altas autoridades chinesas que participaram da abertura do Summit, os próximos 50 anos devem marcar um novo ciclo de cooperação entre governos e empresas no Sul global. “Nos próximos anos, Brasil e China devem defender a globalização econômica, promover o livre comércio e fortalecer o sistema multilateral, criando um ambiente econômico internacional aberto, inclusivo e não-discriminatório”, afirmou Shen Xin, vice-presidente da Associação do Povo Chinês para a Amizade com Países Estrangeiros (CPAFFC).

“Agora se inicia uma nova parceria pelos próximos 50 anos de relações duradouras, com um novo desenho de cooperação Sul-Sul”, disse Hua Zhong, vice-diretor geral do Departamento de Capital Estrangeiro e Investimentos no Exterior da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC).

A pujança econômica e o espírito cosmopolita de Xangai foram mencionados por Chen Jing, vice-presidente do Comitê Permanente do Congresso Popular Municipal de Xangai. Embora a área do município represente apenas 0,06% do território chinês, a cidade contribui com 10% da receita fiscal do país, com um PIB de 5 trilhões de yuans. Ele destacou ainda acordos de cooperação firmados entre Xangai e cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. “Comércio, cultura e ciência e tecnologia são grandes espaços de cooperação”, afirmou.

Representante da mídia chinesa, Zhang Lihui, presidente do Caixin Media – grupo reconhecido pelo jornalismo de negócios -, felicitou o Valor pelos 25 anos (a serem completados em 2 de maio) e “O Globo” pelo seu centenário (que aconte em julho, representando também os 100 anos do Grupo Globo). No ano passado, o Caixin realizou um fórum sobre as relações Brasil-China em São Paulo e afirmou haver espaço para cooperação também no setor de mídia. “O Summit oferece um espaço de interação para empresas chinesas e brasileiras.”

A diretora de Redação do Valor, Maria Fernanda Delmas, ressaltou a importância do evento para aprofundar as relações Brasil-China. Ao dar as boas-vindas, falou sobre as possibilidades de negócios que podem se abrir: “Juntos, vamos enxergar de perto os movimentos de um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, nos preparando para tomar decisões mais embasadas, com visão de longo prazo e protagonismo regional e internacional.”

O Summit é uma realização da Editora Globo e do Valor, organizado em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio master de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, governo do Estado de São Paulo, Portos do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.

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