Em 2023, última ano do mandato do ex-presidente Alberto Fernández, a Argentina se consolidou como um dos países mais caros da América do Sul, com custos de vida elevados e uma economia em transformação. Segundo analistas, a mudança ocorreu após anos de preços em níveis acessíveis para turistas estrangeiros, especialmente argentinos que buscavam consumir no exterior.
Mudanças econômicas e impacto no bolso do argentino
De acordo com dados do jornal Âmbito Financeiro, o custo de um supermercado na Argentina atingiu US$ 557, ficando atrás apenas do Uruguai, onde o gasto chega a US$ 646. Outros países, como Chile e México, apresentam valores menores, em torno de US$ 502 e US$ 547, respectivamente. Segundo Tito Nolazco, gerente de Assuntos Públicos para a América Latina da Prospectiva, os argentinos passaram a enfrentar aumentos expressivos em tarifas de serviços públicos, planos de saúde e mensalidades escolares.
Revolta no consumo e mudança de comportamento
Dados divulgados pelo jornal Âmbito indicam que 76% dos argentinos reduziram visitas a bares e restaurantes nos últimos meses. Antes da chegada de Javier Milei ao governo e das medidas de ajuste econômico, eles gastavam pelo menos metade do valor atual, às vezes até três vezes menos, em dólar. Nolazco reforça que o cenário atual exige cortes e ajustes financeiros para sobreviver.
Consequências na rotina dos argentinos
O gerente de consultoria relata que, apesar da popularidade de Milei, os custos que mais pesaram no orçamento das famílias foram tarifas de energia, planos de saúde e mensalidades escolares, especialmente para quem tem filhos. Mesmo com uma alta popularidade, o custo de vida mantém-se elevado, levando a uma crescente preocupação social e financeira.
Aumento nos preços e no custo de vida
Segundo Nolazco, programas culturais e de lazer foram cortados, e até mesmo viagens internacionais foram adiadas. “Antes gastávamos US$ 25 em dois, agora precisamos de US$ 50 para a mesma quantidade de alimentos ou programas de lazer”, relata Tito Nolazco. Quem dependia do financiamento e do dólar como reserva tem acionado medidas de contenção cada vez mais rígidas.
Argentina em crise: do turismo barato ao custo elevado
Durante anos, a Argentina foi vista como um destino turístico acessível, principalmente devido aos preços baixos. No entanto, a recente valorização do peso argentino, inflação e a normalização cambial elevaram os preços: um capuccino na capital, Buenos Aires, hoje custa entre US$ 4 e US$ 6; alugar um apartamento de um quarto ultrapassa US$ 800, podendo chegar a US$ 1.200 em bairros como Palermo ou Recoleta.
Dados da Bolsa de Comércio de Córdoba mostram que encher um carrinho de supermercado na Argentina custa atualmente US$ 557, valor superado apenas pelo Uruguai, com US$ 646. As mensalidades escolares e planos de saúde também representam uma despesa significativa para as famílias, principalmente as de classe média e média alta.
Perspectivas e desafios futuros
Com uma base de apoio forte na população, Milei ainda exibe índices positivos de aprovação, entre 40% e 48%, apoiado por suas ações de combate à inflação. A normalização do câmbio, permitindo que argentinos transfiram dólares de forma mais livre, reforça a sensação de estabilidade e valor do peso, influenciando na recuperação do consumo.
Dados recentes apontam que as vendas no setor de farmácias cresceram 13% em abril, mesmo com queda de 2,9% nos supermercados. Especialistas como Del Río consideram que, apesar de dificuldades, a tendência é de alta no consumo, com saldo positivo de 4% a 5% neste ano, incluindo deflação de preços.
A vitória do partido de Milei nas eleições legislativas de outubro e os resultados das eleições municipais fortalecem a posição do atual governo, preparando o terreno para uma administração que navega entre uma economia instável e o controle político. Se as expectativas se confirmarem, o cenário de preços elevados deve persistir, desafiando a população a manter o ritmo de ajustes e contenção de gastos.
Para mais detalhes, consulte o relatório completo em Argentina com preços de Dubai: por que o país vizinho ficou tão caro.
Crédito: Link de origem