Apple mira a primavera de 2026 para lançar a aguardada atualização da Siri com inteligência artificial

A Apple definiu internamente a primavera de 2026 (Hemisfério Norte) como meta de lançamento para a aguardada atualização da Siri, marcando um passo importante na sua tentativa de reverter o atraso em inteligência artificial.

Segundo pessoas com conhecimento do assunto, a equipe da Siri pretende lançar a versão reformulada do assistente de voz como parte da atualização iOS 26.4. As mudanças prometidas há tempos permitirão que a Siri acesse dados pessoais e atividades na tela dos usuários para responder melhor às solicitações.

As atualizações “.4” da Apple — chamadas de “E” no cronograma interno de desenvolvimento de software da empresa — costumam ser lançadas em março. Foi o caso do iOS 18.4 neste ano e do iOS 17.4 em 2024. No entanto, ainda não foi definida uma data exata para o lançamento da nova versão da Siri, apenas uma janela na primavera, disseram as fontes, que pediram anonimato por se tratar de informações confidenciais.

Em resposta a um pedido de comentário, a Apple afirmou que ainda não anunciou oficialmente o cronograma das novas funcionalidades da Siri e reiterou declarações anteriores de que os aprimoramentos estão planejados para “o próximo ano”.

O cronograma ainda pode mudar caso surjam novos obstáculos. Se as próximas semanas de desenvolvimento forem promissoras, a empresa pode considerar apresentar um prévia dos recursos junto com o lançamento dos novos iPhones no outono, disse uma das fontes — embora nenhuma decisão final tenha sido tomada.

Essa atualização tem sido esperada há muito tempo. A Apple apresentou as funcionalidades de nova geração da Siri na WWDC (Worldwide Developers Conference) em junho do ano passado. A ideia era modernizar o assistente de voz — lançado originalmente em 2011 — que ficou para trás em relação aos chatbots e outras ferramentas de IA.

A tecnologia em desenvolvimento também inclui um sistema chamado App Intents, que permitirá à Siri controlar com mais precisão os aplicativos e suas funções internas em dispositivos Apple.

Tim Cook, CEO da Apple, a partir da esquerda, John Giannandrea, vice-presidente sênior de aprendizado de máquina e estratégia de IA, e Craig Federighi, vice-presidente sênior de engenharia de software — Foto: Bloomberg

Se o cronograma atual for mantido, a Apple terá levado quase dois anos entre o anúncio da nova Siri e sua entrega ao público. É um atraso de alto perfil, pois os recursos foram parte da campanha de marketing do iPhone 16 no ano passado — apesar de a nova Siri ainda estar longe de pronta.

Internamente, houve troca de acusações entre as equipes de IA e marketing da Apple. Os engenheiros responsabilizaram o marketing por gerar expectativas exageradas, enquanto o marketing argumenta que se baseou nos prazos fornecidos pela própria equipe de IA, segundo fontes próximas ao assunto.

Ainda há discussões dentro da empresa sobre o quanto da funcionalidade de IA a Apple deve desenvolver internamente e o quanto deve delegar a parceiros como a OpenAI. A empresa também teria discutido internamente a possibilidade de adquirir startups menores focadas em IA.

O plano inicial era lançar os novos recursos da Siri no outono de 2024, junto com o novo iPhone. O objetivo foi então adiado para a primavera de 2025. A empresa esperava lançar a novidade no iOS 18.4, depois mudou o alvo para maio, com o iOS 18.5.

Em março, os recursos foram adiados indefinidamente. Na época, a empresa informou que eles só chegariam “em algum momento do próximo ano”. Os atrasos ocorreram devido a falhas técnicas: a tecnologia funcionava corretamente apenas em dois terços das tentativas, conforme relatado pela Bloomberg no início deste ano.

Um dos principais desafios técnicos foi que o “cérebro” da Siri estava dividido em duas partes no iOS 18. A Apple usava um sistema antigo para tarefas comuns, como configurar alarmes ou fazer chamadas, e uma plataforma de nova geração para os recursos aprimorados. A tentativa de unir as duas arquiteturas causou bugs e exigiu que a Siri fosse reconstruída do zero.

Esses problemas geraram turbulência interna e levaram à remoção de John Giannandrea, vice-presidente sênior de IA da Apple, do comando de produtos voltados ao consumidor — incluindo a Siri e uma unidade de robótica sigilosa da empresa.

Na conferência para desenvolvedores desta semana, Giannandrea manteve um perfil discreto. Um contraste com o ano anterior, quando ele deu várias entrevistas sobre a plataforma Apple Intelligence e os avanços em IA da companhia.

Segundo fontes internas, ele também perdeu influência dentro da empresa. Alguns executivos acreditam que Giannandrea deveria se concentrar exclusivamente em pesquisa de IA, área considerada seu ponto forte. Ele continua liderando o desenvolvimento de large language models (modelos de linguagem de grande escala) — base da IA generativa — e testando novas tecnologias de IA.

A engenharia do assistente de voz foi assumida pelo criador do fone de ouvido Vision Pro, Mike Rockwell, e pelo chefe de engenharia de software, Craig Federighi. Ambos os executivos desempenharam papéis importantes nos últimos anúncios de software da empresa na WWDC.

Rockwell agora está liderando o trabalho na Siri LLM, o nome interno do novo sistema subjacente que alimentará o serviço e possibilitará os recursos atrasados.

Embora a Apple tenha anunciado uma ampla revisão do design de todas as suas plataformas nesta semana, ela não apresentou os principais recursos internos de IA, além de abrir seus grandes modelos de idiomas para desenvolvedores e adicionar tradução ao vivo para chamadas e mensagens de texto.

Ela também não apresentou ou demonstrou os recursos da Siri, embora Federighi tenha abordado o atraso.

Esse trabalho precisava de mais tempo para atingir nosso padrão de alta qualidade e esperamos compartilhar mais sobre ele no próximo ano”, disse ele no início da apresentação de aproximadamente 90 minutos.

Federighi e outros executivos também tentaram minimizar as dificuldades da empresa em IA, dizendo que os recursos adiados da Siri eram apenas uma parte de um esforço mais amplo e que o sucesso em IA será determinado nos próximos anos.

A realidade, porém, é que os atrasos já tiveram repercussões. A tecnologia fazia parte de um hub de casa inteligente planejado que agora também foi adiado, impedindo a Apple de entrar em uma nova categoria de produtos, informou a Bloomberg.

O hub doméstico é um dispositivo baseado em tela que pode ser fixado na parede ou colocado em uma mesa. O sistema operacional do produto depende muito dos novos recursos da Siri – e os atrasos no software forçaram a Apple a adiar indefinidamente um lançamento de hardware que estava previsto para março.

A maior preocupação é como o impulso ainda incipiente da Apple para a IA afetará as futuras categorias de hardware. A empresa quer lançar óculos inteligentes no próximo ano com câmeras aprimoradas por IA que podem escanear o ambiente ao redor. Mas, até o momento, ela ainda depende da OpenAI e do Google, da Alphabet, para a análise de imagens.

Para o futuro, a empresa está trabalhando em uma reformulação ainda mais ambiciosa da Siri. Isso transformaria o assistente em um copiloto de dispositivo sempre ativo que é mais conversacional. A Apple também tem equipes explorando um aplicativo semelhante a um chatbot, chamado Knowledge, que pode acessar a Web aberta.

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