APESC pede nova análise ao defeso da cavala em Cabo Verde

A Associação dos Armadores de Pesca defende a necessidade de uma nova análise, profunda e abrangente, à implementação do defeso da cavala em Cabo Verde. Segundo a associação, diversos factores precisam ser reavaliados.

Posição expressa à Rádio Morabeza, pelo presidente da APESC, Suzano Vicente.

“Não questiono a cientificidade do estudo que foi feito mas, pelo menos, um dos pressupostos em que o estudo se baseou, que tem que ver com a sobrepesca da espécie e o entendimento de que se trata de uma espécie cabo-verdiana, hoje sabemos que não é bem assim. Não estamos perante uma espécie de Cabo Verde, ela pode ser encontrada noutras paragens, nomeadamente no Golfo da Guiné, nos Açores, na Madeira e nas Canárias. Logo, questionamos se vale a pena fazermos o defeso de uma espécie migratória”, justifica.

Suzano Vicente sublinha que as evidências mostram que o desaparecimento da cavala nas águas nacionais tem que ver com “as consequências do aumento da temperatura da água, devido às alterações climáticas”.

De recordar que a Direção Nacional de Pesca e Aquacultura já publicou a Resolução que restabelece os períodos de defeso para a Cavala Preta, que deverá decorrer de 15 de julho a 14 de setembro.

O presidente da APESC pede um diálogo aberto com pescadores, investigadores, autoridades governamentais e organizações não governamentais que permita conciliar a exploração sustentável da cavala.

Para Suzano Vicente é preciso repensar o valor atribuído à cavala enquanto recurso migratório.

“É necessária uma discussão alargada, não só com fazedores de política e investigadores, mas também envolvendo universidades e a academia de investigação, para, em conjunto, encontrarmos um ponto comum. Acreditamos nos nossos investigadores, mas sabemos que existe um factor axiológico que pode influenciar o estudo, e é preciso fazer algo, como adoptar medidas de gestão. Sabemos que existem duas opções: o defeso ou a determinação de um total permissível de captura anual, que, dada a incerteza que temos, poderia ser mais-valia. São questões que devemos debater sem complexos nem dogmatismos e encontrar uma solução”, defende.

A Associação dos Armadores de Pesca afirma que o objetivo é contribuir para uma política de defeso mais justa, capaz de assegurar a sustentabilidade dos stocks de cavala, sem penalizar quem depende diretamente da pesca para o seu sustento.

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