Bonga dá show memorável no encerramento do KJF
Após uma ausência de 13 anos e com cinco décadas de carreira, Bonga regressou ao palco do KJF aos 82 anos, numa noite memorável. Apesar da idade avançada, o artista e compositor subiu ao palco depois da 1h00 da manhã e entregou um espetáculo carregado de emoção e energia.
“O segredo é a continuação da vida. O segredo nunca foi e nunca será e nem pouco mais ou menos (gengibre), mas estar em sintonia com as coisas que fazem parte da raiz isso é fundamental, como o óleo de palma como tempero nas comidas”, disse, acrescentando que gosta de uma boa comida.
A voz do semba interpretou temas como “Mariquinha”, “Lágrima no Canto do Olho”, “Comeram a fruta”, e ainda uma sentida homenagem a Cesária Évora com a interpretação de “Sodade”. O tempero das suas músicas, segundo diz, vem “da imaginação criativa dos velhos do antigamente”.
Durante a sua atuação, Bonga recordou Djunga de Biluca, uma figura incontornável da emigração e da música de Cabo Verde, que faleceu em 2023 na Holanda aos 94 anos.
“Primeiro de tudo era um grande senhor para África e depois foi o homem que impulsionou a Morabeza Records, gravou todas as mornas e coladeiras e não só. Vendia discos para o mundo e era um centro motor da reivindicação social e política dos cabo-verdianos em Roterdão, na Holanda”, explicou.
Bonga não escondeu a sua frustração com a falta de reconhecimento dos grandes nomes da lusofonia: “Somos hipócritas e não reconhecemos aquilo que é nosso e quando temos um estrangeiro que nos dão umas promoções esquecemos automaticamente da vivência das grandes pessoas das nossas vidas. Isso é triste.”
Ainda assim, celebrou a cumplicidade com o produtor José “Djô” da Silva e o orgulho de participar num festival de tal envergadura.
Ao longo dos seus 14 anos, o Kriol Jazz Festival tem sido um palco privilegiado para a celebração da música crioula em todas as suas expressões. Nesta edição, mais uma vez, artistas locais e internacionais e públicos de diversas partes do mundo reuniram-se num verdadeiro encontro de culturas, memórias e afetos.
Crédito: Link de origem