Ao entardecer no Rio Paraguai, apresentação emocionou o público e abriu a programação teatral

Espetáculo solo protagonizado por Rogério Bandeira trouxe poesia e afeto para plateia atenta – Crédito: Marithê do Céu/Ascom FAS 2025

O entardecer às margens do Rio Paraguai, em Corumbá, foi cenário para a estreia da programação teatral do Festival América do Sul 2025, nesta quinta-feira (15). Na Areninha do Porto Geral, o espetáculo “Hamlet: 16×8”, protagonizado por Rogério Bandeira e dirigido por Marco Antonio Rodrigues, deu o pontapé inicial às atrações cênicas com uma apresentação intensa, sensível e marcada pela proximidade com o público.



Inspirada no livro ‘Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas’, de Augusto Boal, a peça é um monólogo que costura a trajetória do dramaturgo com memórias pessoais do ator.


No palco, ou melhor, na Areninha, Bandeira construiu e desconstruiu identidades, misturou episódios da infância e juventude com reflexões e mergulhou em afetos familiares enquanto transitava entre Boal, Hamlet, um padre nordestino e ele mesmo. A costura foi densa, por vezes poética, e o tempo todo convidou o público a questionar: quem está falando agora?


Mesmo diante de desafios como o calor, os sons cotidianos do Porto Geral e a dispersão que um espaço aberto naturalmente impõe, a conexão foi intensa.


“Hoje foi uma experiência surpreendente. Vi olhares muito atentos. Mesmo com 30 anos de carreira, foi um desafio que me atravessou”, contou Rogério Bandeira, emocionado após o espetáculo. Para ele, adaptar a peça para aquele ambiente foi mais do que uma escolha técnica, foi um ato de amor e resistência. “Se alcançar um coração, minha função está cumprida”, afirmou.



Na plateia, a contadora Nilma Nantes era uma das muitas pessoas visivelmente tocadas pela apresentação.


“Eu nunca tinha assistido a essa peça, e estou encantada. Achei linda, profunda, diferente de tudo que já vi. Fiquei muito emocionada”, contou. Moradora de Corumbá e frequentadora fiel do Festival, ela destacou a importância do evento para a cidade.


“Sou fã do Festival. É uma oportunidade que a gente não tem no dia a dia aqui. A gente sai andando pelas ruas durante os dias do festival e encontra arte, cultura, coisas incríveis que normalmente não chegam pra gente. Isso é o que faz tudo valer a pena.”


A fala da espectadora ecoa a própria proposta da peça: a cultura como ferramenta de transformação, como faísca que acende luzes em tempos de escuridão. “A cultura é luz. É o que nos resta para resistir ao que está acontecendo no mundo”, diz Bandeira. E completa: “Quando o Festival América do Sul promove esse tipo de encontro, luta para manter esse movimento vivo, ele está fazendo muito mais do que programação cultural. Está iluminando pessoas.”


“Hamlet: 16×8” estreou durante a pandemia em formato online e foi pensado para caber nas limitações daquele tempo. O nome da peça, inclusive, faz referência às proporções da tela de um celular. Mas em Corumbá, a obra se expandiu: ocupou a paisagem, atravessou o pôr do sol, envolveu a plateia e abriu o Festival com a potência de quem entende que arte é, antes de tudo, encontro.



 


O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/. 


Fotos: Marithê do Céu/Ascom FAS 2025

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