Angola garante que quer continuar na OPEP apesar das divergências sobre quotas


“Não há nenhum pensamento nesse sentido” neste momento, disse o representante de Angola na OPEP, Estêvão Pedro, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg, na sequência do adiamento da reunião de quarta-feira do cartel, por divergências sobre o corte nas quotas de produção, em particular dos países africanos.


De acordo com as agências internacionais, a reunião de quarta-feira foi interrompida e adiada para a próxima quinta-feira depois de os membros do cartel que representa a maioria da produção de petróleo mundial se terem desentendido sobre as metas de produção para os países africanos, entre os quais estão os lusófonos Angola e Guiné Equatorial, para além da Nigéria.


A Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífera dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas enfrentam a oposição dos visados, ansioso por aumentar a produção e, consequentemente, as receitas, num contexto de dificuldades económicas na região.


A disputada de Angola com a OPEP pode ser “difícil de ultrapassar”, já que o país não quer aceitar uma redução das quotas, considerou a diretora da RBC Capital Markets sobre matérias-primas, Helima Croft.


“Estamos um pouco mais inseguros sobre a longevidade da parceria [entre Angola e a OPEP], mas não vemos uma potencial saída como material para o trabalho da organização”, acrescentou a analista.


Considerou que, pelo contrário, será mais fácil convencer a Nigéria devido “ao valor que dá à parceria com a OPEP e ao fortalecimento dos laços com a Arábia Saudita”, país que foi recentemente visitado pelo novo Presidente nigeriano para angariar investimento externo.


“Adiar uma reunião desta maneira é uma coisa importante, não se faz isto de forma leviana”, afirmou Jan Stuart, economista especializado em questões energéticas na consultora Piper Sandler, à Bloomberg.


A divergência de quarta-feira retoma o desacordo de junho, quando Angola, a República do Congo e a Nigéria foram forçados pelo ministro da Energia da Arábia Saudita, Prince Abdulaziz bin Salman, a aceitar uma redução no limite de produção para 2024, refletindo a fraca capacidade dos países africanos, quer de influência, quer de produção petrolífera.


A Nigéria, por exemplo, mostrou que consegue ultrapassar a quota acordada em junho para 2024, tendo bombeado mais 36 mil barris por dia que o limite, para 1,416 milhões de barris diários, aponta a Bloomberg.


O adiamento da reunião da OPEP teve pouco efeito nos mercados, com o petróleo de Brent para entrega em janeiro a abrir a sessão nos 81,37 dólares por barril, só ligeiramente abaixo dos 81,96 com que fechou a sessão de quarta-feira.


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