“O nosso Presidente da República continua a cafricar as instituições soberanas, a concentrar todos os poderes em si, a matar severamente aquele que devia ser um dos nossos grandes ganhos que é a democracia. O nosso governo continua a perseguir pessoas que apresentam ideias diferentes, a ignorar a juventude como força motriz da sociedade, a não dar viabilidade ao funcionamento transparente das instituições do Estado, além de criar políticas que não favorecem o próprio cidadão angolano”. A observação é do ativista Calande Cungi, radicado no Brasil em resposta à Ministra da Educação, Luísa Grilo, que quarta-feira, 16 de Abril, teceu duras críticas contra os jovens que estão a fugir do país devido às dificuldades socioeconómicas.
Por Geraldo José Letras
No Brasil desde 2022, Calande Cunge é um dos ativistas que se viu obrigado a fugir do país para escapar das várias tentativas de morte a que estava a ser alvo por indivíduos supostamente ligados ao regime político do MPLA que sustenta o governo há 50 anos devido as suas ideias contrárias às políticas públicas do Chefe de Estado angolano, João Lourenço.
“O nosso governo continua a perseguir pessoas que apresentam ideias diferentes. O nosso governo continua ignorando a juventude como força motriz da sociedade. O nosso governo continua a não dar viabilidade ao funcionamento transparente das instituições do Estado. O nosso governo continua a criar políticas que não favorecem o próprio cidadão angolano. São políticas que devem ser reprovadas. O nosso presidente continua a cafricar as instituições soberanas e continua a concentrar todos os poderes e a matar severamente aquele que devia ser um dos nossos grandes ganhos que é a democracia”, disse o ativista em reação aos pronunciamentos da Ministra da Educação durante a primeira edição do ano do CafeCIPRA, espaço de debate do Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola (CIPRA), quarta-feira, 16 de Abril.
No evento, a titular do sector da educação considerou que “o bom jovem fica mesmo aqui (Angola )e faz as críticas para nós melhorarmos. Aquele que vai não faz falta, porque já foi assim em 75 e estão lembrados. Em 75 muitos foram embora. Em 90 começaram a voltar outra vez. Agora em momento de crise, é momento de sair, depois hão de voltar. Os que efetivamente amam o seu país, são quadros efetivamente, querem ver o seu país progredir. Eles não vão, ficam aqui. Criticam a Ministra Luísa Grilo que não está a fazer bem as coisas, o ensino não tem qualidade, as escolas não têm carteiras, mas estão aqui a construir, a vencermos juntos os desafios, não vão criticar lá longe, não. É aqui onde eles ficam, porque este é o seu país”.
Para Calande Cunge, Luísa Grilo foi infeliz nos seus pronunciamentos, por se ter esquecido que João Lourenço é alérgico a vozes críticas contra a sua incapacidade de governar Angola “ a condição de vida do angolano se agrava cada dia mais. A condição de vida dos nossos cidadãos denunciam o quão mal estamos em termos socioeconomicos”.
“João Lourenço é um presidente que não conseguiu ser estratégia, não conseguiu apresentar uma visão. E não conseguiu evoluir o país em nada a nível económico. Pelo contrário, a vida dos angolanos tem estado a regredir, onde vemos a classe média a desaparecer, se é que ainda não desapareceu. E o crescer abrupto daquela que é a classe baixa do nosso país. E para o agravar é que não conseguimos ter um horizonte de esperança daqui a quatro, cinco, seis anos, sete, oito, nove, dez anos. Porque todos os sinais apontam para um declínio. Então continuamos mal, e vamos continuar pior daqui nos próximos anos”, lamentou o ativista a partir do Brasil.
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