Analistas afirmam que encontro entre Daniel Chapo e Venâncio Mondlane vai “baixar a temperatura” em Moçambique – Mundo
Analistas moçambicanos disseram esta terça-feira à Lusa que o encontro entre o presidente moçambicano, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane é positivo e vai “baixar a temperatura” do país, que vive desde outubro protestos pós-eleitorais.
“Não vai pôr fim [às manifestações, mas] vai baixar a temperatura e é fundamental baixar a temperatura deste país. Esta aproximação é importante porque o tecido social moçambicano está bastante fraturado”, disse João Feijó, analista e pesquisador moçambicano.
Para o analista, é “sempre positiva” a tentativa de conciliação através do diálogo, até porque a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder), não conseguiria governar num cenário de tantas tensões sociais, que têm impacto no investimento internacional e que “tornam as instituições inoperantes”.
Para Feijó, importa também que Venâncio Mondlane se sente à mesa das negociações porque é um interlocutor das “massas populares todas” que estão “descontentes e a manifestar-se”.
“Pelo menos, ele é ouvido por estas populações, ele consegue ligar e desligar o país através de uma ‘live’ no Facebook”, referiu o pesquisador.
O jornalista e analista Fernando Lima também concorda que “ainda é cedo” para se pensar no fim da tensão social em Moçambique em resultado do encontro entre Daniel Chapo e Venâncio Mondlane, mas considera que já é “um desgelo”.
“O encontro só pode ser visto de forma positiva por todos aqueles que acreditam no diálogo e na reconciliação entre todos os moçambicanos. A questão é que não podemos ter expectativas ilimitadas, vamos dizer que é um passo na direção correta”, disse à Lusa Fernando Lima.
Para o jornalista moçambicano, é uma “notícia positiva” a possível integração do ex-candidato presidencial no diálogo que o chefe de Estado moçambicano tem tido com os partidos da oposição, em resultado de um acordo político, assinado em 05 de março, para o restabelecimento da paz em Moçambique.
O presidente de Moçambique, Daniel Chapo, que é também líder da Frelimo, reuniu-se este domingo com o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane para “discutir soluções face aos desafios que o país enfrenta”, anunciou esta madrugada a Presidência da República.
Em comunicado, a Presidência explicou que o encontro, o primeiro entre os dois, divulgado publicamente depois do início da contestação nas ruas que se seguiu às eleições gerais de 09 de outubro, aconteceu em Maputo e inseriu-se “no esforço contínuo de promover a estabilidade nacional e reforçar o compromisso com a reconciliação e a unidade dos moçambicanos”.
O encontro entre Daniel Chapo, eleito presidente, e Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar, embora não reconheça os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, aconteceu poucas semanas depois da assinatura, em Maputo, a 05 de março, do Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo entre o presidente da República e nove formações políticas que “participaram nas sessões de diálogo político até então realizadas”, recordou a Presidência.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide, uma organização não-governamental moçambicana que acompanha os processos eleitorais.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
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