A publicação do edital de licitação da Hidrovia do Rio Paraguai, prevista inicialmente para o primeiro semestre de 2025, sofreu novo adiamento. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) confirmou que a mudança ocorreu após exigências feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que negou pedidos de dragagem emergencial ao longo do rio, com base na análise de estudos ambientais apresentados.
Apesar do atraso, o projeto segue como prioridade estratégica do Governo Federal. Segundo informações apuradas pela reportagem, a expectativa é que o edital seja publicado até outubro deste ano, com o leilão realizado em dezembro. A concessão poderá movimentar até R$ 63 milhões em investimentos e será a primeira hidrovia brasileira a passar por um processo licitatório.
Avanço logístico e redução de impactos ambientais
Atualmente, o Rio Paraguai transporta cerca de 9 milhões de toneladas de produtos por ano. O plano de concessão visa ampliar essa capacidade, com melhorias estruturais em um trecho de 600 quilômetros, que se estende até o Canal do Tamengo, em Porto Murtinho (MS), na fronteira com o Paraguai.
Além de facilitar o escoamento da produção agrícola brasileira, a hidrovia é vista como uma alternativa mais sustentável em comparação com os modais rodoviário e ferroviário, com potencial para reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa ao retirar caminhões das estradas.
Obras e concessão por 15 anos
Nos primeiros cinco anos de concessão, estão previstas obras de drenagem, derrocagem, balizamento, sinalização, além da construção de um galpão industrial e da aquisição de uma draga. Também serão implantados sistemas de monitoramento hidrológico, levantamentos técnicos e gestão de tráfego hidroviário.
O contrato inicial da concessão será de 15 anos, com possibilidade de prorrogação por igual período. O pacote de melhorias inclui ainda intervenções em travessias, áreas de desmembramento de comboios e a implementação de tecnologias voltadas à navegação interior.
Uso limitado das vias navegáveis
Durante uma das audiências públicas sobre o projeto, o diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, destacou que o Brasil ainda explora apenas um terço de seu potencial hidroviário. “O potencial de vias navegáveis chega a 60 mil quilômetros e atualmente nós só navegamos em 19 mil quilômetros – de modo ineficiente. O que se busca com o modelo de concessões das hidrovias é que a gente tenha essas vias mais adequadas, eficientes e seguras”, afirmou.
Caso o cronograma seja cumprido, a Hidrovia do Rio Paraguai poderá marcar uma nova era para o transporte fluvial no Brasil, com reflexos diretos para a logística nacional e a economia do Mato Grosso do Sul.
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