AF | Tecnologia | Cientistas coreanos abrem caminho para restaurar a visão em cegos com proteína PROX1

Um avanço científico sul-coreano pode transformar o futuro de milhões de pessoas cegas. Pesquisadores do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) conseguiram induzir a regeneração da retina em camundongos, um marco que pode levar a novas terapias para restaurar a visão. Mas como essa descoberta funciona, e o que ela significa para o tratamento da cegueira?

Conheça os detalhes dessa inovação e suas implicações.

Inspirando-se na natureza: o segredo da regeneração

Alguns animais, como o peixe-zebra, possuem uma capacidade impressionante: regenerar a retina após lesões, recuperando a visão. Em mamíferos, incluindo humanos, isso não acontece naturalmente. Doenças como a retinite pigmentosa e a degeneração macular, que danificam a retina, frequentemente levam à cegueira irreversível. Mas e se pudéssemos “copiar” esse processo regenerativo?

A equipe do KAIST, liderada por pesquisadores em biologia regenerativa, estudou o peixe-zebra para entender como suas células gliais de Müller — que sustentam a retina — se transformam em neurônios visuais após danos. Em mamíferos, essas células não têm a mesma habilidade. A descoberta dos cientistas coreanos, publicada em 2025, revelou um caminho para mudar isso.

A proteína PROX1: a chave para desbloquear a regeneração

O segredo está na proteína PROX1, encontrada nas células gliais de Müller. Nos mamíferos, ela impede que essas células se transformem em neurônios visuais. Os pesquisadores do KAIST testaram uma abordagem ousada: usaram técnicas genéticas para desativar a PROX1 em camundongos com retinite pigmentosa, uma doença que destrói as células da retina.

O resultado foi surpreendente. Sem a PROX1, as células gliais começaram a se transformar em novos neurônios visuais, regenerando a retina e melhorando a função visual dos camundongos. Mais impressionante ainda, esse efeito durou mais de seis meses, um recorde em experimentos com mamíferos. “Essa é a primeira vez que observamos regeneração neuronal sustentada em mamíferos com tal duração”, afirmou um dos pesquisadores do KAIST em comunicado oficial.

Um futuro promissor, mas com desafios

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 43 milhões de pessoas vivem com cegueira, e 295 milhões enfrentam deficiências visuais moderadas a graves. Para muitos, as opções de tratamento são limitadas. A descoberta coreana oferece esperança, mas o caminho até a aplicação em humanos é longo.

Os testes em camundongos são apenas o primeiro passo. As células humanas são mais complexas, e desativar a PROX1 pode causar efeitos colaterais ainda desconhecidos. Além disso, terapias genéticas exigem anos de validação para garantir segurança e eficácia. “Estamos otimistas, mas cautelosos. A transição para ensaios clínicos humanos pode levar uma década”, explicou a equipe do KAIST.

Outras fronteiras na pesquisa da visão

Enquanto a abordagem do KAIST foca na regeneração biológica, outras equipes exploram soluções complementares. Por exemplo, cientistas estão desenvolvendo implantes eletrônicos que transmitem sinais visuais ao cérebro e nanopartículas ativadas por laser para estimular células da retina. Embora promissores, esses métodos dependem de dispositivos externos, enquanto a regeneração neuronal promete restaurar a visão de forma natural.

O impacto potencial: um mundo com menos cegueira

Imagine um futuro onde pessoas cegas por doenças degenerativas recuperem a visão e a independência. Essa é a promessa da medicina regenerativa. Ao desbloquear o potencial das células do próprio corpo, terapias baseadas na descoberta do KAIST poderiam reduzir a dependência de tratamentos caros ou invasivos.

Essa inovação também levanta questões profundas: como a sociedade lidará com o acesso a essas terapias? Elas serão acessíveis a todos ou apenas a poucos? E quais serão os limites éticos de manipular geneticamente o corpo humano? Essas reflexões são tão importantes quanto o avanço científico em si.

Próximos passos e esperança cautelosa

O sucesso dos experimentos coreanos é um marco, mas a jornada está apenas começando. Os próximos anos serão cruciais para refinar a técnica, entender seus riscos e prepará-la para testes em humanos. Enquanto isso, a descoberta reacende a esperança de milhões de pessoas que sonham em voltar a enxergar.

Seja inspirando-se na natureza ou desafiando os limites da biologia, os cientistas do KAIST provaram que o impossível pode estar mais próximo do que imaginamos. O que você acha: estamos no caminho para vencer a cegueira?

Referência: The Body Optimist


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