A recente pesquisa “Tecnologia e Desigualdades Raciais no Brasil”, desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Raciais do Instituto de Ensino e Pesquisa (NERI-INSPER), demonstrou as diferenças enfrentadas por alunos pardos e pretos no acesso aos recursos tecnológicos nas escolas brasileiras.
Realizada com o apoio da Fundação Telefônica Vivo, a pesquisa considerou a presença de infraestrutura adequada nas escolas e o uso pelos professores para fins pedagógicos.
O estudo apontou que estudantes brancos possuem 57% a mais de acesso à tecnologia nas escolas de ensino básica em comparação aos alunos pardos (49%) e pretos (50%). Como recursos tecnológicos, foram considerados conexão banda larga, internet com acesso para atividades escolares, laboratórios de ciência e informática e computadores.
Se levado em conta as disparidades regionais e estruturais entre escolas públicas e privadas, as diferenças se aprofundam ainda mais. Ao mesmo tempo que 64% dos estudantes brancos de instituições privadas de ensino da região Sul do país têm acesso a uma infraestrutura tecnológica, somente 40% dos alunos pretos da rede pública nordestina possuem as mesmas condições. Nesse recorte, pardos representaram 42%.
No que se refere ao ensino superior, o levantamento pontuou um aumento entre os alunos negros matriculados. Em 2009, os negros representavam apenas 34% dos matriculados na universidade, já em 2022, esse percentual teve um crescimento de 12 pontos, atingindo 46%.
A publicação aponta que 90% desse crescimento foi impulsionado pelo aumento de negros matriculados nas instituições privadas de ensino.
Porém, apesar de apresentar um aumento em todos os cursos, a porcentagem sofre uma queda significativa quando considerado os cursos de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Neles, os alunos negros representam 42% dos matriculados, uma diferença de 13,7% em relação aos estudantes brancos.
“O Estado pode perpetuar desigualdades de várias formas, incluindo com disparidades nos investimentos na infraestrutura escolar. Ao oferecer aos negros menos acesso à tecnologia, o Estado se torna uma fonte relevante de reprodução das desigualdades educacionais e socioeconômicas preexistentes”, aponta Michael França, coordenador do NERI, em nota à imprensa.
O documento faz cinco recomendações para a criação e fortalecimento de políticas públicas que visem a redução dessa desigualdade, entre elas a necessidade do fortalecimento de políticas federais para o combate às disparidades e investimentos consistentes nas infraestruturas escolares.
O grupo ainda sugere a criação de um percentual mínimo de alunos ou bolsistas negros em cada curso do ensino superior para condicionar o acesso das instituições a subsídios do governo e programas de fomento.
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