Abelha europeia invasora ameaça biodiversidade na fronteira do RS com o Uruguai – Leouve

Rio Grande do Sul Pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) iniciaram, neste mês, um monitoramento inédito para detectar a possível presença da abelha mamangava europeia invasora (Bombus terrestris) na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. A espécie, introduzida no Chile com fins agrícolas, já cruzou para a Argentina e agora pode alcançar o território brasileiro, colocando em risco a biodiversidade do Bioma Pampa.

A pesquisa concentra esforços em três pontos estratégicos da fronteira sul: os municípios de Aceguá, Pedras Altas e Santa Vitória do Palmar. Nesses locais, a equipe vai capturar abelhas durante as visitas a flores ao longo de um dia, a cada dois meses, durante um ano inteiro. Ao mesmo tempo, os pesquisadores vão identificar as plantas utilizadas como fonte alimentar pelas mamangavas nativas.

A coordenadora do estudo, Sidia Witter, explica que o projeto busca entender a riqueza e abundância das espécies nativas. “Queremos levantar dados sobre as mamangavas do Pampa, mapear as plantas que elas usam como recurso alimentar e, com isso, fornecer subsídios para sua conservação”, afirma Sidia.

No Centro de Estudos em Hulha Negra (CESIMET), os pesquisadores já preparam o solo para implantar cultivos de leguminosas como feijão, ervilhaca e cornichão. Esses arranjos garantirão florescimento em diferentes períodos do ano, atraindo mamangavas nativas e permitindo o monitoramento contínuo das populações locais.

Impacto da Mamangava Europeia Invasora

Apesar da Bombus terrestris atuar como boa polinizadora, a presença dela fora de seu habitat original pode provocar desequilíbrios. Nos países onde se instalou, essa mamangava competiu com espécies nativas por alimento, afetou a produção de mel, interferiu na polinização de determinadas culturas e transmitiu doenças a outras abelhas. Pesquisadores alertam que esses impactos podem levar até à extinção de espécies nativas em algumas regiões.

Caso alguém aviste a Bombus terrestris em solo brasileiro, a recomendação é não matar o inseto. Em vez disso, o DDPA orienta a registrar o local com uma foto e coordenada geográfica, e enviar o material por e-mail para: [email protected].

Projeto de Monitoramento e Conservação

O projeto, intitulado “Status das espécies de mamangavas nativas (Bombus) em áreas suscetíveis à invasão de Bombus terrestris na fronteira Brasil-Uruguai”, reúne pesquisadores da USP, Ulbra, Unisinos e do Ibama, além da equipe técnica da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

O avanço dessa abelha invasora pode parecer discreto, mas representa uma ameaça real ao equilíbrio ecológico do Pampa. Ao agir preventivamente, os pesquisadores buscam proteger a riqueza natural da região antes que o impacto se torne irreversível.


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