“A tecnologia está pronta”. Alemanha pode liderar esforço para erguer “muralha de drones” na fronteira da NATO com a Rússia
A Alemanha quer erguer uma “muralha de drones” ao longo do flanco oriental da NATO, na fronteira com a Rússia, para proteger os seus aliados bálticos de uma potencial futura invasão russa.
A notícia foi avançada este domingo pelo jornal britânico Telegraph, dias depois de Friedrich Merz, líder da CDU alemã e vencedor das eleições legislativas de final de fevereiro, ter anunciado um acordo com o SPD para a formação de um governo de coligação a tomar posse em maio.
Ainda antes deste acordo, o futuro chanceler da Alemanha já tinha prometido apostar em grande no rearmamento do país face à crescente ameaça da Rússia e numa altura em que os europeus deixaram de poder contar com o apoio dos norte-americanos ao leme de Donald Trump.
Há um mês, Merz e os futuros parceiros de coligação chegaram a acordo para aprovar reformas históricas ao nível fiscal, que permitirão gastos potencialmente ilimitados em projetos de Defesa. E é nesse contexto que a indústria de armamento alemã está agora a discutir a possibilidade de construir uma frota de drones, ou “muralha de drones”, para defender todo o flanco oriental da NATO ou uma parte dessa fronteira leste com o território russo.
O projeto, também conhecido como “nexo de drones” nos círculos da indústria, “consistiria em centenas, senão milhares, de aviões não-tripulados que vigiariam a fronteira, atuariam como um sistema de deteção precoce e dissuadiriam a agressão russa” aos países com quem partilha longas fronteiras, Finlândia, Estónia e Letónia, aponta o Telegraph.
Há receios entre as lideranças europeias e ocidentais que, no futuro, esta fronteira com os Estados orientais da NATO venha a ser um ponto de ignição para uma grande guerra com a Rússia. Em fevereiro, os serviços secretos da Dinamarca juntaram-se aos alertas de outras agências de segurança europeias sobre os riscos de um conflito alargado, destacando que Moscovo pode decidir iniciar essa guerra dentro de cinco anos.
Os governos da Finlândia, da Lituânia, da Noruega e da Polónia já tinham defendido a construção de um muro de proteção contra drones à escala continental, com financiamento da UE, mas essa proposta foi rejeitada por Bruxelas esta semana, abrindo a porta a uma abordagem alternativa liderada pela Alemanha.
“Com a coordenação política correta, uma primeira camada operacional – utilizando tecnologia existente e comprovada – poderia ser implantada no prazo de um ano”, indica ao Telegraph Martin Karkour, diretor de vendas da Quantum Systems. “A tecnologia está pronta, o que ainda é necessário é uma estratégia a nível da UE ou da NATO. Temos a capacidade de produzir centenas de drones de reconhecimento com IA por mês e de aumentar a escala.”
A empresa de defesa Helsing, sediada em Munique, já tinha demonstrado interesse no conceito de uma “muralha de drones”, afirmando que patrulhas com aviões não tripulados podem ser uma alternativa aos campos minados na fronteira terrestre da Rússia com os países da NATO, da Finlândia até à Bulgária.
“Se nos deslocarmos para lá em grande número”, disse recentemente Gundbert Scherf, diretor executivo da Helsing numa entrevista ao jornal alemão Deutschlandfunk, “se nos apoiarmos em capacidades assimétricas e concentrarmos lá dezenas de milhares de drones de combate, então será uma dissuasão convencional muito credível”.
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