Desde 2014, ao se juntar à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPCLP), o português passou a ser uma de suas línguas oficiais, juntamente com o espanhol e o francês
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Nesta edição de Conexões Afro-Lusófonas conversamos com o professor Paulo Speller, brasileiro que vive na Guiné Equatorial há cerca de dois anos atuando como reitor da Universidade Afro-Americana da África Central (AAUCA). Essa instituição pública de ensino superior fica na cidade de Djibloho, no interior do país. Speller nos conta que “mesmo antes da entrada na CPLP, a língua portuguesa começou a ser introduzida na Guiné Equatorial em 2011, por um decreto do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo”. A CPLP é uma organização internacional composta por países que compartilham o português como língua oficial, incluindo Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Apesar de ser um país pequeno, com pouco mais de 28.000 km² e uma população estimada em quase 800.000 habitantes, a Guiné Equatorial é um verdadeiro “mosaico linguístico”. “Além das três línguas oficiais, há outros idiomas no país”, descreve Speller. Entre as mais faladas, conforme o professor, estão o fang, uma língua bantu, e o pidgin inglês. “O pidgin inglês é uma junção do inglês com outras línguas africanas”, explica o reitor. Existem outras como a língua bubi, falada na Ilha de Bioko; o fá d’ambô, um crioulo falado na ilha de Ano Bom; e o bisiu, crioulo de Malabo. Speller elogia: “Essa riqueza de línguas e a cultura do país é um fascinante encontro entre as raízes africanas e o legado espanhol”.
Historicamente, o espanhol consolidou-se como a língua principal da Guiné Equatorial devido à sua longa história como colônia da Espanha, o que a distingue da maioria dos países africanos de língua oficial portuguesa. A introdução do português, portanto, marca um movimento estratégico de reaproximação com a lusofonia, buscando novas parcerias e integração regional.
Os benefícios e desafios do petróleo

A Guiné Equatorial é uma nação pequena, como informa o professor Paulo Speller. Ele calcula que em apenas três horas é possível atravessar todo o país. “E isso pode ser feito por intermédio de excelentes estradas, que foram construídas durante o ‘boom’ do petróleo e com a participação, inclusive, de empresas brasileiras”, lembra Speller.
A indústria petrolífera do país tem uma história recente. A descoberta e exploração de petróleo e gás natural na década de 1980 mudaram significativamente a economia local. Speller descreve que houve investimentos massivos em infraestrutura, como estradas, portos e aeroportos. “Essa infraestrutura é o que se vê mais claramente no país, gerando emprego e oportunidades. Mas, é preciso ver as desigualdades e a distribuição”, considera. “Realmente há uma desigualdade importante, que se observa em vários países africanos, inclusive na Guiné”, cita Speller. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), menos da metade da população tem acesso à água potável e 20% das crianças não sobrevivem aos primeiros 5 anos de vida.
Conexões Afro-Lusófonas
Conexões Afro-Lusófonas têm o objetivo de fortalecer os laços culturais entre o Brasil e os países africanos de língua portuguesa. O programa apresenta entrevistas exclusivas explorando as culturas, músicas, diversidades e políticas desses países, promovendo um intercâmbio de conhecimentos. Conexões Afro-Lusófonas vai ao ar na primeira sexta-feira de cada mês na Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto)
Apresentador: Antonio Carlos Quinto
Narradora: Tabita Said
Participação: Ricardo Alexino Ferreira
Captação de áudio: Julio César Bazanini
Edição: Cid Araújo
Identidade Sonora: Bruno Torres
Coordenadora de Programas Especiais: Magaly Prado
É possível também sintonizar a versão podcast pela internet em jornal.usp.br/podcasts/ Todos os episódios de Conexões Afro-Lusófonas estão disponíveis na página de seu arquivo neste link.
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