Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.
Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.
Os estados brasileiros estão se movimentando para tentar desconstruir a imagem que impera no exterior de que o Brasil é um país dominado pela violência. Há a percepção clara entre os governos regionais de que esse é, hoje, o principal entrave para que o país amplie o número de turistas estrangeiros que recebe anualmente. No ano passado, foram apenas 6,7 milhões — um recorde —, quase um quinto dos viajantes que passaram por Portugal. Para 2025, diz o ministro do Turismo, Celso Sabino, a meta é receber 8 milhões de visitantes externos.
Secretária de Turismo do Rio Grande do Norte, Marina Marinho assegura que os índices de violência no estado estão em queda e se situam entre os mais baixos do país. “Natal é, hoje a capital mais segura do Nordeste brasileiro”, garante. É o que também ressalta Edmar Gadelha, presidente da Associação Brasileira de Hotéis no Rio Grande do Norte: “O índice de mortes violentas em Natal é de 10 para cada 100 mil habitantes, bem abaixo da média nacional, de 18,3”. Os dados fazem parte das estatísticas do Fórum Nacional de Segurança Pública.
Segundo a secretária, desde 2019, tem sido feito um trabalho efetivo de enfrentamento da violência no estado potiguar, mas ela reconhece que isso precisa ser passado para os turistas estrangeiros. Natal, afirmam os operadores de viagem, é um dos destinos do Brasil mais pesquisados, mas o índice de efetivação das viagens é baixo, o que poder ser explicado pela imagem de insegurança do país e, também, pela pequena quantidade de voos internacionais diretos para o estado. Entre as companhias aéreas estrangeiras, somente a TAP voa para lá.
Na visão de Gadelha, é necessário fortalecer uma política de Estado para promover o Brasil no exterior, sobretudo, com o discurso de que a violência não está disseminada e onde ela é maior, está sendo combatida. Isso passa por campanhas massivas no exterior e por contatos diretos com operadores e agentes de viagens. “Estados como o Rio Grande do Norte têm feito investimentos importantes para garantir a segurança da população e para ampliar a infraestrutura, com mais hotéis e estradas melhores”, frisa. Portugal é o terceiro maior emissor externo de viajantes para o estado, atrás apenas da Argentina e do Uruguai.
Esforço nacional
Secretário de Turismo do Distrito Federal, Cristiano Araújo assinala que a capital do país tem conseguido manter os níveis de segurança semelhantes aos observados na Europa, o que faz de Brasília, no entender dele, um “destino perfeito”. “Recentemente, o The New York Times colocou Brasília como o 32º melhor destino do mundo para o turismo. No ano passado, recebemos mais de 1 milhão de visitantes, sendo 100 mil deles, estrangeiros. Mas queremos mais. Hoje, são 10 rotas internacionais tendo Brasília como destino final”, destaca. Mas é importante, admite, romper com o pensamento de que o Brasil é sinônimo de violência.
Para o secretário de Turismo de Tocantins, Hercy Ayres Rodrigues Filho, o Brasil paga um preço alto pela disseminação de notícias ruins no exterior, que mostram apenas violência. “No nosso estado, os turistas podem andar sem medo. Temos belezas naturais, como o Jalapão, que ainda são desconhecidas no exterior e precisam ser difundidas”, afirma. Para ele, é preciso um esforço nacional no sentido de mostrar aos viajantes que vale a pena conhecer o Brasil sem medo. O ministro do Turismo garante que esse trabalho está sendo feito, tanto que, depois de sete anos, a Embratur, responsável pelas políticas do setor, terá um escritório fora do país, em Lisboa. “Isso mostra a importância que estamos dando ao turismo”, diz Marcelo Freixo, presidente da empresa.
Luana Nogueira, gerente de Competitividade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Piauí, destaca que o estado e o setor privado têm trabalhado em conjunto para romper as barreiras que impedem o avanço do turismo de estrangeiros no Brasil. Entra elas, a sensação de insegurança. Ela reconhece que não será uma tarefa fácil, mas é fundamental construir bons argumentos para se contraporem à imagem ruim que prevalece atualmente. “Vale a pena viajar pelo Brasil, com toda a sua diversidade. No Piauí, temos praias, boa comida, sítios arqueológicos, como os da Serra da Capivara. Os turistas estrangeiros devem ser informados de todas as coisas interessantes que temos a oferecer”, reforça.
Com o maior conjunto de casario barroco do Brasil, o estado de Minas Gerais está disposto a ampliar a fatia dos turistas estrangeiro no total de 25 milhões de viajantes que recebe por ano. “Minas é o terceiro destino dos turistas internacionais que visitam o Brasil, mas eles ainda representam pouco do total”, diz o secretário de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira. A percepção, dentro do estado, é de que, quanto mais o país der demonstrações de que está enfrentando com rigor a violência, mais os estrangeiros se animarão a pegar um avião para conhecer o que há de bom no território brasileiro. Não basta, porém, um discurso bem embalado, mas, sim, resultados efetivos na política de segurança.
Crédito: Link de origem