“A dependência do petróleo tem de ser reduzida” – DW – 20/03/2025

Gabriel Lembe, especialista em mercado de petróleo, apoia-se também num relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), segundo o qual as tarifas impostas pelo Presidente do Estados Unidos, Donald Trump, aos seus parceiros mais diretos, tiveram um impacto negativo no mercado de petróleo e podem acabar enfraquecer a procura  energética.

Ao permanecer assim, será preocupante para Angola, um país que angaria receitas na ordem dos 40% do setor petrolífero para o seu orçamento anual, lembra o especialista em entrevista à DW. Neste mês, já chegou a ser cotado há 69 dólares para o BRENT, referência de exportação de Angola.

O executivo angolano está com perspetivas de proceder uma revistão do Orçamento Geral do Estado, como consequencias mais imediatas da queda do preço do barril de petróleo ao nível do mercado internacional.

DW África: As previsões da OPEP apontam para uma redução no preço do barril de petróleo até ao próximo mês. Esta realidade é preocupante para Angola?

Gabriel Lembe (GL): É preocupante para Angola. O petróleo continua a ser a grande fonte das nossas receitas, quando combinando todas as receitas tributárias que o Estado angaria no setor petrolífero chega a ficar perto dos 40%.

Angola: Só a subida no preço do petróleo não basta

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DW África: A ser verdade que haja essa redução do preço do petróleo no mercado internacional, até porque já há previsões do cartel de produção, haverá repercussões negativas palpáveis para Angola?

GL: Uma queda do preço então significa que Angola tem de compensar com mais produção.

DW África: Isto terá implicações fiscais ao nível de Angola?

GL: O debate para Angola até não é tão pontual quanto a este, o debate para Angola é perceber que a nossa dependência do petróleo tem de ser reduzida. O governo reconhece isso, por isso, é que se incentiva bastante a diversificação da economia.

DW África: Já há elementos a curto prazo para avançar na questão da diversificação da economia, caso haja uma redução?

GL: Não, ainda não. A nossa economia é dependente, contudo existem projetos estruturantes dentro da indústria petrolífera. O petróleo dá-nos divisas, então existe esta dependência das divisas. Mas aqui implica o porquê, porque as divisas que nós angariamos com as vendas do petróleo são também usadas para compra de derivados.

Plataforma de exploração de petróleo em Cabinda
Angola angaria receitas na ordem dos 40% do setor petrolífero para o seu orçamento anualFoto: Simão Lelo/DW

DW África: Há muito otimismo de que não vai acontecer algo contra Angola?

GL: Angola vai ter as pressões normais que já tem, aquelas pressões normais.

DW África: Há motivos para alarmes ou nem por isso?

GL: Há motivos de uma preocupação cautelosa e não de alarme ainda. Não precisamos apertar o alarme. O preço do barril de petróleo entrou para 69 dólares para o Brent que serve de referência para o nosso país e o nosso orçamento geral é de 70 dólares. Já tivemos preços ao longo do ano que estiveram acima dos 70 dólares, portanto excedentes que Angola já ganhou durante este período. Estamos a falar de 130 mil barris que se aumentam no mercado, não vai criar ainda grandes problemas. 

DW África: Quais são os principais países de exportação do petróleo de Angola?

GL: Temos cerca de 40% da nossa produção a exportar para a China, temos os Estados Unidos, a Índia, Africa do Sul , França e até o Canadá.

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