A cultura do tomate assume um papel estratégico de grande relevância na economia de Portugal, destacando-se como uma das principais produções agrícolas do país.
A importância da cultura do tomate advém não só da sua considerável produtividade, mas também do impacto positivo nas exportações, na criação de emprego e no desenvolvimento das regiões agrícolas. O clima favorável, especialmente no Alentejo e no Ribatejo, permite obter uma produção de elevada qualidade. Acresce ainda que o “tomate português” desempenha um papel crucial na indústria transformadora, sendo amplamente utilizado no consumo em fresco e na produção de conservas, molhos e outros produtos alimentares, com uma forte presença nos mercados internacionais. O seu valor económico é ainda reforçado pelo aumento da procura de produtos frescos e processados, consolidando-se como uma cultura essencial para o sector agrícola nacional.
Portugal apresenta condições excecionais para a produção de tomate em ar-livre
Mas o que faz desta cultura agrícola ser tão importante para Portugal? Portugal apresenta condições excecionais para a produção de tomate em ar-livre, beneficiando de fatores naturais e estruturais favoráveis. O clima mediterrânico, caracterizado por verões quentes e secos e invernos amenos, é ideal para o cultivo, sobretudo nas regiões do Alentejo e do Ribatejo. As características estruturais dos solos e os níveis de fertilidade associados aos fatores climáticos nessas áreas, criam condições que asseguram produções de elevada qualidade e rendimento. Além disso, a disponibilidade de água para rega, garantida por infraestruturas modernas de regadio têm permitido uma utilização mais eficiente e sustentável dos recursos hídricos, essencial para a produção em larga escala.
Contribuição para aumentos de produtividade e eficiência no setor
A experiência dos agricultores portugueses, aliada à adoção de tecnologias inovadoras, como a rega gota-a-gota e o desenvolvimento de variedades adaptadas, tem contribuído para aumentos de produtividade e eficiência no setor. Adicionalmente, a localização estratégica face ao Europa e ao continente Americano, tem facilitado a exportação do tomate e dos seus derivados, consolidando a competitividade do nosso país no mercado agrícola internacional. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2024), em 2021 a cultura do tomate em Portugal ocupava cerca de 17 698 ha representando cerca de 29% da área total dedicada à produção hortícola, com uma produção de 1 741 318 toneladas, equivalente a 60 % da produção hortícola nacional, em 2023, a produção industrial de tomate atingia 1 814 619 toneladas, divididas entre tomate para consumo em fresco e tomate para aproveitamento industrial, nomeadamente conserva (7%), polpa, triturado e sumo de tomate (29%) e concentrado de tomate (64%), demonstrando o aumento da capacidade de processamento e a crescente procura internacional.
Portugal é um dos cinco maiores exportadores global de tomate
Em 2023, a produção nacional de tomate ocupava os 18 477 ha, com uma produtividade média de 98,2 toneladas por hectare, a quinta melhor da última década. Em 2024, as previsões agrícolas parecem indicar um aumento das superfícies cultivadas, refletindo a tendência de crescimento do setor. O setor é assim vital para a economia, com Portugal a exportar a maioria dos seus produtos de tomate processados para 42 países, posicionando-se atualmente como um dos cinco maiores exportadores global de tomate. De acordo com os dados económicos publicados pela FAO (FAOSTAT, 2025), o setor do tomate representou em 2023 valores brutos de 193 084 800 dólares.
Alentejo e Ribatejo destacam-se na produção em larga escala
E o país tem todo a mesma potencialidade? Não. O Alentejo e o Ribatejo destacam-se como as áreas com maior capacidade para a produção em larga escala, pelas razões atrás expostas. Contudo, outras regiões de Portugal, embora também aptas para o cultivo de tomate, não possuem as mesmas condições climáticas e de solo favoráveis para a produção em grande escala. A produção nestas zonas tende a ser mais restrita, sobretudo para o consumo fresco. Destacam-se o Algarve (cada vez com menos importância devido à crescente redução de solos disponíveis causados pela pressão urbanística para habitação e turismo) e a região litoral Norte. Esta, devido ao seu clima mais chuvoso, não possui as mesmas condições ideais para o cultivo de tomate em larga escala, mas apresenta algumas potencialidades em zonas mais abrigadas com microclimas mais favoráveis, onde o cultivo de tomate é sobretudo para consumo fresco. Nesta região, a produção de tomate está mais concentrada em explorações de pequena dimensão ou em estufas, onde as condições climáticas são passiveis de ser controladas, permitindo uma produção de tomate escalonada durante todo o ano. Também nesta região é possível encontrar variedades de tomate mais adaptadas a climas mais frescos do que relativamente às regiões mais quentes. Nesta região assumem especial destaque os concelhos de Vila do Conde, Esposende, Póvoa do Varzim, Maia e Braga. Nestes conselhos a produção é exclusivamente para consumo em fresco (…).
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Bibliografia (consultar artigo na íntegra)
Autoria: Alfredo Aires
Departamento de Agronomia – Escola das Ciências Agrárias e Veterinárias – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
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