a canícula já cá está, com a crista do Norte de África e mais de 40 ºC nestes 3 distritos

A primeira quinzena de julho registou uma grande variabilidade de estados do tempo em Portugal continental. Em vez do habitual padrão atmosférico marcado por vários dias consecutivos de sol, calor e muita estabilidade, o tempo tem sido marcado pelo tempo variável e também por grandes contrastes regionais.

A variabilidade de estados do tempo em Portugal continental desde o início do verão climatológico deve-se não só a um anticiclone mais deslocado para oeste do que o habitual, como também a uma corrente de jato polar mais ondulada do que o normal para esta altura do ano, que vai permitindo a alternância da influência de massas de ar mais frescas vindas de norte e de outras mais quentes vindas de sul.

Nas regiões do litoral tem havido mais frescura, nebulosidade e chuva e nas regiões do interior tem estado um calor mais típico do verão, ainda que longe das excessivas temperaturas elevadas dos últimos verões.

Primeiras horas da canícula com alguma precipitação e temperaturas a subir

A frente atlântica que chegou ontem à noite a Portugal continental e que fez o IPMA ativar aviso amarelo por risco moderado de precipitação para os distritos do Noroeste do país (Viana do Castelo, Braga e Porto) deslocou-se vertiginosamente de oeste para leste, distribuindo chuva não só pelas regiões mencionadas, como também pelo resto da Região Norte e várias partes do Centro.

Perdeu intensidade muito rapidamente, daí que o aviso amarelo só tenha estado ativo até às 03:00 da manhã desta segunda-feira, 15 de julho. Entretanto, ainda houve queda de aguaceiros fracos e dispersos no Norte e no Centro, mas o grosso da precipitação ocorreu entre as últimas horas de domingo, dia 14 e as primeiras horas deste dia 15.

De um modo geral, as temperaturas mínimas registaram uma ligeira subida esta segunda-feira (15), enquanto as máximas baixaram um pouco nas regiões do interior.

Porém, nos próximos dias a crista norte-africana ficará verticalmente posicionada sobre a nossa geografia, transportando consigo uma massa de ar bastante quente e seca e provocando uma subida quase generalizada e acentuada das temperaturas. Poderemos estar perante um curto episódio de temperaturas bastante elevadas, que coincidirá também com o início da canícula, que arrancou hoje.

Amanhã – terça-feira, 16 – as temperaturas máximas vão subir ligeiramente no Algarve e nas regiões do interior, não sendo expectáveis grandes oscilações térmicas nas regiões do litoral. Os valores mais elevados estão previstos para o interior do Baixo Alentejo e para o Sotavento Algarvio, onde as temperaturas atingirão os 33 ºC. Não se exclui a possibilidade de chuva fraca nalguns locais da faixa costeira do Norte e Centro durante a próxima madrugada.

O que é a canícula?Trata-se do período estatisticamente mais quente e mais seco do ano em todo o território de Portugal, decorrendo entre 15 de julho a 15 de agosto.

Na primeira metade da semana a zona mais quente do país durante a noite será Faro, com previsão de 19 ºC na quarta-feira, dia 17, enquanto em grande parte da geografia do Continente as noites serão amenas (13 a 17 ºC), sendo frescas ou frias no interior Norte e Centro (9 a 13 ºC).

Massa de ar muito quente fará com que as temperaturas ultrapassem os 40 ºC nestes distritos

A partir de quarta-feira (17) uma massa de ar muito quente proveniente do Norte de África acentuará a sua influência sobre o território de Portugal continental, e a isoterma poderá escalar até aos 25 ºC a 1.500 metros de altitude nas regiões do interior. Isto resultará em temperaturas muito elevadas à superfície em boa parte do nosso país. Em suma, os ingredientes ideais para um episódio de tempo quente.

Na quarta-feira (17) prevê-se que as temperaturas máximas atinjam os 36 ºC nalgumas zonas do Alentejo Central, Baixo Alentejo e Sotavento Algarvio. Por outro lado, as cidades do litoral Norte, do litoral alentejano e do extremo ocidental do Barlavento Algarvio vão continuar incrivelmente frescas para a época do ano (21 ºC), o que traduz um impressionante contraste térmico entre as diferentes regiões do país.

Na quinta-feira (18) o calor vai intensificar novamente, com as temperaturas máximas a ultrapassarem o patamar dos 35 ºC em várias localidades da Beira Baixa, Alentejo e Sotavento Algarvio.

De todas estas, na quinta-feira (18) destacar-se-ão não só Reguengos de Monsaraz, Beja, Serpa e Moura com 37 ºC, como também Mértola, situada em pleno coração do vale do Guadiana e Alcoutim, situada na metade oriental do Algarve e no sudeste de Portugal continental, ambas com previsão de 40 ºC. Faro registará a sua primeira noite tropical da semana (20 ºC previstos durante toda essa noite).

Sexta-feira será o dia mais quente da semana em Portugal continental

Sexta-feira, 19 de julho, será um dia de calor abrasador e provavelmente o mais quente desta semana em várias regiões de Portugal continental. Preveem-se temperaturas máximas iguais ou superiores a 35 ºC nos distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro.

Prevê-se entre 39 e 42 ºC para várias zonas dos distritos de Évora, Beja e Faro, aqueles que em termos de área geográfica mais serão afetados pelo episódio de calor intenso. Algumas das localidades mais expostas às temperaturas elevadas serão Reguengos de Monsaraz, Moura, Mértola e Alcoutim.

A noite de sexta-feira (19) será tropical em várias localidades dos distritos de Portalegre, Évora e Beja (20-22 ºC) enquanto no Algarve, sobretudo no Sotavento, haverá localidades ainda mais quentes (até 24 ºC).

Poeiras do Saara chegam a Portugal na quinta-feira

Como já esclarecemos noutras ocasiões aqui na Meteored Portugal, há que ter em conta outros fatores que podem fazer com que as temperaturas diurnas não sejam tão elevadas em algumas zonas nos próximos dias.

Na quinta-feira (18) prevê-se a chegada de poeiras do Saara em suspensão que se traduzirão num céu bastante turvo/nublado. Não se exclui a possibilidade de nuvens a média altitude e alguns aguaceiros e trovoadas dispersos.

Por diante haverá dias de calor complicados nalgumas regiões da nossa geografia, mas não parece muito provável que a barreira dos 42 ºC seja ultrapassada e, mesmo este valor, só será atingido à escala local nalguns lugares do Continente.