Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Igor Sperotto

Detalhe da fachada da Fundação Ecarta com a pintura em andamento, executada pessoalmente pelo artista boliviano Freddy Mamani. As paredes do prédio serviram de plataforma para a obra na cultura do seu país

Foto: Igor Sperotto

Nesta 14ª edição da Bienal do Mercosul a Fundação Ecarta será, pela primeira vez, um dos espaços que receberá exposições e também atividades do programa educativo do evento. A Bienal deste ano, que ocorre de 27 de março a 1º de junho, deveria ter acontecido em 2024, mas foi adiada em decorrência das tragédias climáticas que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado.

“Estamos muito felizes e honrados com esta participação na 14ª Bienal do Mercosul, que coincide com as festividades de 20 anos da Fundação Ecarta e representa um reconhecimento da nossa atuação como espaço de arte contemporânea desde 2005, ano em que inauguramos nosso primeiro projeto, que é justamente a Galeria Ecarta”, comemora Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta.

De acordo com o coordenador da Galeria Ecarta, André Venzon, três artistas estrangeiras (Minia Biabiany, Tang Han e Sara Modiano) terão suas obras expostas nas dependências do casarão da esquina da Lopo Gonçalves com a Avenida João Pessoa, de frente para o Parque Farroupilha (Redenção). Já do lado de fora, a fachada do prédio servirá de base para a arte do boliviano Freddy Mamani, pertencente ao povo indígena Aymara. (Saiba mais sobre os artistas e suas obras no final desta matéria.)

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Igor Sperotto

Mamani é construtor, engenheiro civil e arquiteto. Seus trabalhos ficaram conhecidos como a Nova Arquitetura Andina

Foto: Igor Sperotto

MEDIAÇÃO – Haverá uma equipe de seis pessoas na Fundação oferecendo mediação para escolas mediante agendamento prévio no site da Bienal (desde o dia 10 de março). Além disso, elas farão atendimento ao público no horário de funcionamento da Ecarta (terças a domingo, das 10h às 18h), de 27 de março a 1º de junho, de acordo com o fluxo de visitação.

Lugar de referência para os professores enquanto sujeitos

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal 

Foto: Igor Sperotto

“A ideia é que, durante a Bienal, a Ecarta seja um espaço voltado para o professor como sujeito”, afirma Michele Ziegt, curadora educativa da 14ª Bienal do Mercosul

Foto: Igor Sperotto

Conforme a curadora educativa Michele Zgiet, para além da participação dos artistas e das exposições, a Fundação Ecarta será um importante espaço pedagógico voltado para o professor nesta Bienal, “que é essencialmente educativa” em seu conceito mais básico.

“Nesta Bienal, serão muitos espaços expositivos, mas nem todos serão educativos. Apenas oito cumprem também essa função. E a Ecarta será ambos: expositivo e educativo”, explica.

Os oito espaços educativos da 14ª Bienal são a Fundação Ecarta, a Fundação Vera Chaves Barcelos (Viamão), o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), o Espaço Força e Luz, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), o Farol Santander e a Usina do Gasômetro.

“A ideia é que, durante a Bienal, a Ecarta seja um espaço voltado para o professor como sujeito, como pessoa portadora de CPF e não do ponto de vista institucional, representante de escola. Que seja, além de lugar para contemplação da arte, também de expressão desses professores e professoras enquanto indivíduos e de encontro para troca de experiências fora do espaço escolar. O projeto educativo, especificamente na Ecarta, terá um olhar voltado para professor como um fim nele mesmo e não apenas como um multiplicador ou facilitador para se chegar nos estudantes. A Ecarta será um espaço para que os docentes possam ser eles próprios o público de arte e não apenas formadores de público. Para que possam trocar, dialogar e discutir suas próprias questões e temas ligados às suas vidas, suas vivências e também à arte”, explica.

Para a curadora educativa, a Fundação é um dos poucos espaços onde foi sinalizada a possibilidade de realizar oficinas. “Então, por conta dessa natureza e também porque a gente quer incentivar os professores a frequentarem a Ecarta – que, permanentemente, é um espaço de arte contemporânea, mas não é só como galeria, é muito mais, ela é um espaço de formação de público”, justifica.

Diante disso, Zgiet entende que a Ecarta “tem essa vocação que pode ser mais explorada também na ocupação dos professores. Serão, portanto, realizadas oficinas fixas, voltadas exclusivamente para os professores, não para o professor com a sua turma e escola, mas para o professor poder ir lá enquanto ser unitário, no seu fim de semana, se divertindo, sendo ele próprio também o público das artes visuais”, projeta.

As oficinas fixas ocorrerão nos fins de semana em dois horários: sábados e domingos, às 10h e 15h. Entre as diferentes linguagens abordadas nas oficinas estão previstas o podcast, dança e artes visuais.

O estalo, o giro e a roda

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal

Foto: Igor Sperotto

A curadora pedagógica Andréa Hygino esclarece que o projeto educativo da Bienal está se baseando no tripé: o estalo, a roda e o giro

Foto: Igor Sperotto

Já a curadora pedagógica Andréa Hygino esclarece que, de um ponto de vista mais amplo, o projeto educativo da 14ª Bienal está se baseando em um tripé, que é mais um modo de operar do que conceitual: o estalo, a roda e o giro.

“Essas são as três dimensões que a gente quer tratar tanto na formação quanto no material educativo para os professores.”

A primeira dimensão, o estalo, dá o título da Bienal e pretende dar conta da produção artística que será apresentada nas exposições. A roda, por sua vez, é um formato de ação, a qual vem de manifestações dos povos originários, afrobrasileiras e afrodiaspóricas. O giro pretende fazer as ideias circularem, seja na forma de debate, conversa ou festa.

Artistas da 14ª Bienal com exposição na Ecarta 

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Beto Gutierrez/Bienal do Mercosul

Minia Biabiany

Foto: Beto Gutierrez/Bienal do Mercosul

Minia Biabiany (Guadalupe, 1988) – Minia apresentará uma instalação que vai na esteira das pesquisas dela sobre espacialidades a partir de uso de materiais naturais, como terra e madeira. Ela usa a desconstrução de narrativas por meio de instalações, vídeos e desenhos e constrói poéticas efêmeras em relação às realidades coloniais. Participou de exposições em instituições como o Centro Pompidou, o CRAC Alsace e a Bienal de Berlim. Vive entre Guadalupe e México.

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Beto Gutierrez/Bienal do Mercosul

Tang Han

Foto: Beto Gutierrez/Bienal do Mercosul

Tang Han (China, 1989) – Seu projeto prevê a projeção de um vídeo, além de uma instalação na parede. Trata-se de uma pesquisa que está relacionada com ficção científica e botânica para falar sobre como a produção do conhecimento, as plantas, o clima e os humanos estão interconectados. Ela é artista visual e cineasta, formada pela Guangzhou Academy of Fine Arts e mestre pela Berlin University of Arts. Seu trabalho foi exibido no KW Institute for Contemporary Art, na Kunsthaus Dresden, no HOW Art Museum, Xangai e no Image Forum Festival, no Japão, onde foi premiada. Vive em Berlim, Alemanha.

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Sara Mondiano

Foto: Bienal do Mercosul/Divulgação

Sara Modiano (Colômbia, 1951-2010) – Sara foi uma artista conceitual que trabalhou com pintura, instalação, escultura e performance. Em sua prática, ela reflete sobre o contexto político e cultural da época, criando estruturas e formas geométricas relacionadas à arquitetura pré-colonial e aos padrões geométricos essenciais presentes na natureza. Recebeu prêmios, reconhecimentos e participou de Bienais no Chile, na Colômbia, no Brasil e na Austrália. Seu trabalho está em coleções públicas, como as do Museu de Arte Moderna de Bogotá, Museu de Antioquia, Museu de Arte Contemporânea de Caracas e o Bass Museum of Art. A Fundação Sara Modiano para as Artes foi criada em 2011 com o objetivo de preservar e divulgar o legado da artista. Viveu grande parte de sua vida em Bogotá, Colômbia.

Obras de artistas da China, Bolívia, Colômbia e Guadalupe em exposição na Ecarta como parte da Bienal  

Foto: Igor Sperotto

Freddy Mamani

Foto: Igor Sperotto

Freddy Mamani (Aymara/Bolívia, 1971) – O artista fez uma pintura na fachada da Fundação Ecarta, transformando o próprio prédio em obra da Bienal. A pintura começou no início de março e foi finalizada próximo ao começo da Bienal. Mamani é um construtor, engenheiro civil e arquiteto. Seus trabalhos ficaram conhecidos como a Nova Arquitetura Andina. Mamani é reconhecido por suas obras vibrantes e coloridas, principalmente em El Alto, cidade próxima a La Paz, na Bolívia, onde construiu mais de cem edifícios, os quais se transformaram em orgulho nacional. São prédios vibrantes com formatos não convencionais, que mesclam estéticas variadas: arquitetura ocidental moderna; elementos do barroco latino-americano e chinês; influências andinas; folclóricas, e ainda toques de futurismo, animé e ficção científica. Suas obras foram expostas na Fundação Cartier, em Paris, no MoMA, Nova Iorque, na Bienal de Sydney, entre outros. Vive em El Alto, Bolívia.

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