Um terço dos eventos climáticos “sem precedentes” na América do Sul em 2024 foi no Brasil, informou o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para assuntos climáticos. Publicado nesta quarta-feira, o documento ainda alerta que o ano passado foi o mais quente desde o começo das medições históricas, há 175 anos, com mais de 1,5 °C acima da temperatura na era pré-industrial.
- Brasil: Quando começa o outono em 2025? Veja as datas das estações do ano
- Temporais e calorão: saiba como fica a previsão do tempo na última semana do verão
Dos nove eventos climáticos extremos inusitados registrados no continente, três assolaram o território nacional: a tragédia no Rio Grande do Sul, que atingiu pelo menos 1,4 milhão de pessoas, a seca do Centro ao Norte do país e a onda de calor em agosto, com recordes de temperaturas superiores a 41 °C. Confira o que diz o texto publicado pelo órgão sobre os episódios.
Chuva no Rio Grande do Sul
As chuvas fortes e persistentes atingiram o Rio Grande do Sul, em maio, devido a uma grande área de baixa pressão atmosférica que favoreceu a formação de áreas de instabilidade, somada a chegada de uma frente fria, explica a ONU. Ainda há um destaque para os acumulados significativos nas cidades de Santa Maria, com 213,6 milímetros, no primeiro dia da tragédia, e Soledade, com 249,4 mm, no segundo. O maior registro do mês foi em Caxias do Sul, que apresentou 845,3 mm, sendo que o esperado era 131,4 mm.
No documento, o órgão se atentou em mostrar os transtornos econômicos e sociais causados por condições climáticas extremas e os impactos de longo prazo do aquecimento recorde dos oceanos e da elevação do nível do mar. No caso do Sul do país, eles elencaram a perda de aproximadamente R$ 3,7 bilhões para a agricultura do Estado, segundo o relatório divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Seca e recorde de incêndios
Desde abril de 2024, as chuvas ficaram abaixo da média no Centro-Norte do Brasil, o que intensificou a seca em várias regiões, como estados do Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Isso resultou, em julho, num recorde de focos de incêndio e uma redução drástica no nível dos rios na Amazônia.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/O/a/3jKX6cQ3Copdi3Xn3y3A/108676055-aerial-view-of-a-sandbank-on-the-bed-of-the-negro-river-in-the-anavilhanas-archipelago.jpg)
Esse cenário é pior do que o de 2023, indica a OMM. Além disso, eles mostram que o Pantanal enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos, de acordo com o governo do Mato Grosso do Sul. As condições de clima seco, baixa umidade e altas temperaturas na região favorecem os incêndios florestais, diz.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/l/u/xysqc9RNujxTao9SeCJg/104353469-pa-brasilia-df-18-09-2023-onda-de-calor-encerra-inverno-brasileiro-com-temperaturas-entr.jpg)
Uma onda de calor registrada entre os dias 16 e 23 de agosto, com temperaturas acima de 41 °C em várias partes do país, encerra a lista dos eventos “sem precedentes” dos dados sobre o Estado do Clima Global de 2024 por aqui. A maior temperatura foi registrada em Cuiabá, capital mato-grossense, com 42,2 °C, seguida por Porto Nacional, no Tocantins, com 41,1 °C. Ambas bateram os recordes anteriores.
As Nações Unidas reforçam, logo na apresentação do relatório, a “necessidade urgente” de sistemas de alerta precoce mais fortes e de investimentos em serviços climáticos para “proteger vidas e meios de subsistência”.
Segundo a OMM, ciclones tropicais, inundações, secas e mais desastres naturais levaram ao maior número de novos deslocamentos registrados em 16 anos, com cerca de 824,5 mil pessoas retiradas de seus lugares de origem. Mais de 1 milhão de feridos e 1,7 mil mortos figuram no levantamento total.
* Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto
Crédito: Link de origem