Os opositores insistem que o mandato presidencial de Umaro Sissoco Embaló terminou a 27 de fevereiro, mas este diz que o limite temporal é só setembro próximo.
A crise política adensa-se e as noites de terror voltaram à capital guineense. Na segunda-feira, o político Agostinho da Costa, uma das vozes mais críticas do Presidente Umaro Sissoco Embaló, foi raptado e levado ao Ministério do Interior, para pouco depois ser devolvido à liberdade.
A presidente do Movimento Social Democrático (MSD), Joana Cobdé Nhanca, aponta para a atual liderança do país: “Não há liberdade de expressão”, comenta.
A política fez ainda um apelo: “O poder é do povo e, se não respeita o povo, demita-se. Não pode permanecer em funções a sequestrar um Estado e a torturar pessoas”.
Futuro incerto
A indefinição da situação política continua a preocupar vários observadores, que apesar da marcação da data das eleições legislativas e presidenciais para 23 de novembro deste ano, por Umaro Sissoco Embaló, acreditam que o problema está longe de ser ultrapassado.
O jornalista Fernando Jorge Pereira afirma que é difícil prever o desfecho da crise política guineense.
“Os fatores que condicionam esta crise política e institucional da Guiné-Bissau são múltiplos e dependem de vários atores. O que nós desejamos é que termine num quadro pacífico, embora haja muitas nuvens, muitas dúvidas e interrogações sobre esta questão”.
E a comunidade internacional?
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está em silêncio desde que a sua missão de mediação foi expulsa da Guiné-Bissau, no início de março, por Sissoco Embaló.
Abdou Jarjo, professor universitário e ex-embaixador da Gâmbia na Guiné-Bissau, considera que a CEDEAO tem um problema de credibilidade: “Às vezes, a CEDEAO é manipulada a nível da organização e, no terreno, as partes tentam manipular qualquer missão [da CEDEAO] que chega aos países, o que mina a credibilidade”, refere.
Isso dificulta a resolução das crises nos Estados-membros: “Quando a credibilidade é minada, a confiança não existe e, nesta situação, a organização não pode trazer uma solução para os problemas”.
Diálogo interno
A oposição guineense, por não reconhecer a legitimidade de Umaro Sissoco Embaló, recusa-se a dialogar com o ainda Presidente da República, enquanto o Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento lançou uma iniciativa de diálogo nacional com os partidos políticos, na busca de soluções para a já longa crise no país.
O professor Abdou Jarjo concorda com esta solução interna para o impasse político, com um novo formato: “Talvez com a intervenção de pessoas de boa vontade, como antigos Presidentes, que ainda têm influência nas autoridades e nos políticos guineenses”.
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