UNITA incentiva políticos deportados a processar Angola – DW – 19/03/2025

O regime angolano está tão frágil, que tem medo de tudo. É o que diz a deputada Mihaela Weba, da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), dias depois de vários políticos terem sido retidos no aeroporto de Luanda e deportados, pouco antes de uma conferência organizada pelo maior partido da oposição em Angola.

Entre os políticos convidados para o encontro em Benguela estavam o ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane, o ex-Presidente do Botswana Ian Khama e o antigo Presidente da Colômbia Andrés Pastrana.

A UNITA já exigiu ao Presidente João Lourenço um pedido de desculpas pelo que aconteceu. Em entrevista à DW, a deputada Mihaela Weba diz também que apoia a ideia de Venâncio Mondlane, que disse que é preciso processar o Estado angolano por causa do que aconteceu a 13 de março. Mas isso caberá a cada um dos visados, diz a deputada. A UNITA não se deverá envolver nesse processo.

Mihaela Weba, deputada da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA)
Mihaela Weba: “Quando os regimes estão para cair, têm medo de tudo”Foto: DW/P. Borralho Ndomba

DW África: Venâncio Mondlane, o antigo candidato à Presidente da República de Moçambique, disse que é preciso processar o Estado angolano. Alinha pelo mesmo diapasão?

Mihaela Weba (MW): Claramente! Nós não podemos a continuar a ter dirigentes angolanos que violam constantemente regras e princípios constitucionais e internacionais. O Estado tem de ser penalizado de alguma forma. Pelo menos, estes cidadãos conseguiram verificar como é que, em Angola, o Estado de Direito não funciona.

DW África: Angola faz parte da CPLP e da SADC. Que instrumentos pensam utilizar para avançarem com um processo-crime contra o Estado?

MW: Não é a UNITA que tem de fazer isto. Quem tem de fazer são os visados, porque foram eles os prejudicados com isso tudo. São as pessoas que foram impedidas de entrar e foram maltratados. Só aquilo serviria de fundamento para punir o Estado angolano.

A oposição angolana precisa de um Mondlane?

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DW África: Considera que o que aconteceu no aeroporto acaba também por ser um troféu para a imagem da UNITA?

MW: Eu penso que sim. Eu penso que quem sai a ganhar nisso tudo são aqueles que defendem a democracia.

DW África: O que aconteceu é sinal do desespero do Governo angolano, como sugerem os críticos?

MW: Quando os regimes estão para cair, têm medo de tudo. Veem fantasmas em tudo, e eles viram um fantasma numa simples conferência internacional em que todos os opositores de África estariam juntos.

DW África: Algumas vozes da sociedade civil pronunciaram-se a favor do repatriamento de Venâncio Mondlane, houve até quem dissesse que Venâncio Mondlane fez muitos estragos em Moçambique e poderia transmitir esse “vírus” para Angola. Concorda com esta declaração de que Venâncio Mondlane poderia “ensinar o mal” para os angolanos?

MW: Não! Os angolanos sabem o que querem, os angolanos abraçaram a paz há 23 anos. E eu entendo que Moçambique não é Angola, os processos são completamente diferentes.

“Não vamos sair daqui sem Venâncio Mondlane”

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