Venezuela activa número telefónico e página web para denunciar deportações de venezuelanos — DNOTICIAS.PT
A Venezuela ativou hoje um número telefónico e uma página web para denunciar e alegadas violações dos direitos humanos e deportações injustas de venezuelanos nos Estados Unidos.
Segundo o canal estatal VTV, os familiares de migrantes venezuelanos podem comunicar-se com o número +584166119472 para denunciar abusos e deportações arbitrárias com o propósito de oferecer assistência imediata a quem o requeira.
Por outro lado, o Comité de Defesa dos Migrantes Venezuelanos (CDMV) lançou a página web migrantes.com.ve para receber “antes que seja tarde” denúncias sobre “deportações injustas” de cidadãos naturais da Venezuela.
Na página web o CDMV explica estar comprometido “com a defesa e promoção dos direitos humanos e centrados na denúncia da situação particular de vulnerabilidade dos cidadãos venezuelanos nos Estados Unidos, cuja política presidencial tem sido dedicada à estigmatização da migração”.
“A perseguição, detenção e deportação de venezuelanos sem o devido processo é uma aberração que não nos deve deixar indiferentes e que constitui um ato anacrónico e ilegal que evoca os episódios mais nefastos da história da humanidade”, lê-se na página web.
A ativação do número telefónico e da página web tem lugar no mesmo dia em que centenas de pessoas marcharam em Caracas para condenar a deportação pelas autoridades norte-americanas, a pedido do Presidente norte-americano, Donald Trump, de 238 venezuelanos para uma prisão de segurança máxima em El Salvador, por alegadamente pertencerem à organização criminosa Tren de Aragua, acusação que, segundo a imprensa local é contestada pelos familiares de alguns deles.
Entretanto, integrantes de movimentos sociais da Venezuela anunciaram que vão realizar jornadas de recolha de assinaturas nas praças do país, para exigir o repatriamento dos migrantes venezuelanos que enfrentam condições injustas no estrangeiro e que os seus direitos fundamentais sejam respeitados.
No domingo, o Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou a chegada de 238 alegados membros do grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua e da Mara Salvatrucha (MS-13), transferidos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT) ao abrigo de um acordo com Trump.
No sábado, os EUA expulsaram 261 imigrantes em dois voos para El Salvador e Honduras que partiram do Texas.
Em fevereiro, o Presidente Donald Trump classificou o Tren de Aragua, uma organização criminosa da Venezuela, e o MS-13, um gangue com origem em Los Angeles em 1980, como “organizações terroristas globais”.
No sábado, um tribunal tentou travar a deportação de imigrantes que o Governo norte-americano decidiu deportar, mas as autoridades dos EUA alegaram que não receberam a determinação judicial a tempo de impedir a deportação em curso.
Trump invocou a lei de 1798, que não era utilizada desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), para agilizar as deportações de membros do gangue internacional.
A imprensa venezuelana publicou as declarações de familiares de alguns venezuelanos, negando que tenham vínculos com o Tren de Aragua. Denunciaram que alguns deles foram detidos e deportados apenas por terem tatuagens no corpo.
A organização não-governamental Transparência Venezuela, o Tren de Aragua tem mais de quatro mil membros e conseguiu expandir-se para outros países, como Colômbia, Peru, Brasil, Chile, Equador, Bolívia e Costa Rica.
O grupo, que surgiu em 2013, possui armas de guerra e uma estrutura hierárquica definida. O Tren de Aragua teve origem nos sindicatos de trabalhadores da construção de um projeto ferroviário que ia ligar o centro-oeste do país e nunca foi concluído.
O Tren de Aragua está acusado de crimes relacionados com mineração ilegal, tráfico de droga, de seres humanos e armas, contrabando de sucata metálica, extorsão, sequestro, homicídios e roubos.
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