As residências sénior em Portugal enfrentam uma ocupação quase total, com 70% das unidades a operarem a 100% da capacidade. A pressão da procura, impulsionada pelo envelhecimento populacional, levou a aumentos de preços superiores a 5% em 25% das residências, enquanto as listas de espera continuam a crescer, refletindo a escassez de vagas e a necessidade de mais investimentos no setor.
As residências sénior em Portugal estão a operar próximo da capacidade máxima, com 70% das unidades a registarem taxas de ocupação de 100%, segundo o 3.º Retrato das Residências Sénior em Portugal, realizado pela Via Sénior e pela BA&N Research Unit. Apenas 11% das instituições reportaram vagas disponíveis em dezembro de 2024, enquanto 22,2% apresentavam taxas de ocupação entre 91% e 99%. Esta escassez de vagas reflete-se nas listas de espera, que afetam 69% das residências, com tempos de espera que podem ser prolongados devido à alta procura.
O envelhecimento da população portuguesa, com 2,5 milhões de residentes com mais de 65 anos, está a pressionar o setor. A cobertura das residências sénior é de apenas 4% para a população acima dos 65 anos, subindo para 8,7% quando considerada a faixa etária acima dos 75 anos. Esta situação é agravada pelo facto de Portugal ser o terceiro país mais envelhecido da União Europeia, com 24,1% da população com mais de 65 anos e 7% com mais de 80 anos.
A pressão da procura tem levado a aumentos de preços, com mais de 25% das residências a reportarem subidas superiores a 5%. O preço médio de um quarto individual ronda os 1.675 euros, enquanto um quarto duplo custa 1.375 euros e um quarto triplo 1.315 euros. Estes valores refletem não apenas a procura, mas também os investimentos na melhoria dos serviços, como acompanhamento médico, enfermagem, fisioterapia e terapias ocupacionais.
A maioria dos utentes das residências sénior tem mais de 86 anos (58%), seguidos pelos idosos entre 81 e 85 anos (30,6%). A oferta de serviços tem vindo a diversificar-se, com 68% das residências a oferecerem cabeleireiro, 62% jardins, 36% capelas e 20,8% ginásios. No entanto, a necessidade de mais colaboradores é evidente, com 25% das residências a planear contratações a curto prazo para responder à crescente procura e à complexidade dos serviços oferecidos.
O setor continua sob forte pressão, incapaz de acompanhar o ritmo do envelhecimento populacional e da crescente esperança média de vida. As projeções do Eurostat indicam que, até 2050, mais de dois terços dos Estados Membros da UE terão uma taxa de dependência de idosos superior a 50%, com Portugal a liderar este indicador com 68,8%. Este cenário sublinha a urgência de investimentos e políticas públicas que respondam aos desafios do envelhecimento e da falta de vagas em residências sénior.
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