Uma estudante brasileira em Portugal quer investigar a relação entre a discriminação e a saúde mental. Lorena Krivochein, é psicóloga e mestranda em Psicologia Clínica e da Saúde na Universidade Europeia de Lisboa. Para o estudo, a imigrante precisa que pessoas, nascidas no Brasil e residentes em Portugal, respondam a um questionário online.
Em entrevista ao DN Brasil, a acadêmica conta que a ideia surgiu a partir da experiência de trabalho, tanto no Brasil como em Portugal. “A ideia surgiu a partir do meu grande interesse pelo tema do Trauma e da Intervenção em Crise. O objetivo é alcançar um melhor entendimento dos processos subjetivos ligados ao trauma auxiliando de forma efetiva a comunidade brasileira e, se possível em estudos futuros, avaliar este impacto em outras populações”, explica a imigrante, que mora em Portugal há três anos e nasceu em Petrópolis (RJ).
“Inicialmente estava inclinada a estudar o tema da incidência do Trauma em crianças e adolescentes refugiados da Ucrânia em Portugal, e acabei por me debruçar sobre a questão da Perceção de Discriminação em Brasileiros Imigrantes em Portugal e a relação entre o PTSD, o Trauma Cumulativo e os Mecanismos Defensivos”, explica.
Segundo a estudante, a discriminação pode acontecer de forma velada e causar impacto. “A discriminação muitas vezes pode ocorrer de forma velada, o que nomeamos como discriminação encoberta e que apresenta uma relação de grande proximidade com as perturbações psicológicas e que impactam negativamente na saúde mental de indivíduos que atravessam situações de discriminação”, analisa.
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Lorena ainda pontua que “no contexto atual, há uma crescente divulgação de relatos associados ao discurso de ódio, intolerância e xenofobia sobre a população imigrante”, o que reforça a importância do estudo. “É imprescindível avaliarmos a saúde mental das populações mais vulneráveis, como a população imigrante, visto que eventos discriminatórios podem ter efeitos prejudiciais e se, verificada a incidência do trauma, de prognóstico incerto”, complementa.
Recentemente, um estudo identificou que imigrantes em Portugal possuem mais risco de doenças como depressão e mais dificuldade na busca pelo tratamento. De acordo com a brasileira, a pesquisa que desenvolve pode contribuir com a análise do cenário da saúde mental no país e de como os casos são tratados.
No currículo, Lorena tem, por exemplo, atendimento psicológico à população brasileira na pandemia de Covid-19, o que despertou interesse em saúde pública. Em Lisboa, onde estuda com uma bolsa de mérito, realizou um estágio na Associação de Apoio às Vítimas Portuguesas (Apav). No local, além de atender as vítimas de violência de gênero, também atuou com vítimas migrantes.
amanda.lima@dn.pt
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