Busca europeia por segurança ajuda Brasil, diz embaixador francês

Emmanuel Lenain afirma que estabilização após a Guerra na Ucrânia exigirá que o continente dependa menos dos EUA e da China

A busca de países europeus por maior segurança e estabilidade favorecerá acordos e parcerias com o Brasil, afirmou nesta 2ª feira (17.mar.2025) o embaixador da França, Emmanuel Lenain, 54. Ele está em Brasília desde 2023.

A Europa não quer ser parceira minoritária da China e dos EUA. É uma evolução que começou com a covid e se acelerou com a Guerra na Ucrânia”, disse Lenain ao Poder360.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o dos EUA, Donald Trump, terão uma conversa por telefone na 3ª feira (18.mar) para discutir o cessar-fogo na Ucrânia.

Há a ideia de uma trégua sobre a mesa. Esperamos que o presidente Putin aproveite essa ocasião. Mas uma trégua é uma trégua. Depois, nós queremos uma verdadeira paz duradoura, com garantias de segurança”, afirmou Lenain.

PESO NO PROCESSO DE PAZ

O embaixador disse que a participação do Brasil será relevante no processo de paz. “Nós precisamos de países grandes como o Brasil para apoiar o direito e ajudar a conseguir uma solução estável. O Brasil é um país respeitado”, afirmou.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou em setembro de 2024 a proposta de cessar-fogo e negociações que China e Brasil haviam apresentado. Quando Trump propôs algo semelhante em março de 2025, Zelensky inicialmente resistiu. Depois disse estar disposto a negociar.

Lenain minimizou o contraste da reação de Zelensky entre as propostas anteriores e a atual, de Trump. “É assim com as negociações”, disse.

Os europeus deverão participar das negociações e da garantia da paz na Ucrânia, afirmou o embaixador. Também precisarão dedicar mais dinheiro e esforços para sua defesa. “Há um despertar estratégico da Europa”, disse.

DEFESA EUROPEIA

Na avaliação de Lenain, o governo de Trump aumentou a pressão ao exigir que os europeus gastem mais com a própria defesa e dependem menos dos EUA. Mas essa já era uma posição que o presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro) defendia desde que foi eleito pela 1ª vez, em 2017.

É a ideia de que, em um mundo cada vez mais perigoso, com alianças desgastadas, é preciso que os europeus tenham capacidade de se defender, de ter a própria segurança. Então, para nós, não é uma surpresa. Estamos um pouco surpresos da brutalidade da administração norte-americana atual, mas a orientação geral não é uma surpresa”, disse Lenain.

Haverá mudança também na governança mundial, na avaliação do embaixador, que será multipolar. Isso favorecerá, disse ele, as relações da França e de outros países europeus com o Brasil. A França defende que o Brasil tenha um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). As relações bilaterais também devem se intensificar, segundo o embaixador.

Isso significará muitas parcerias com o Brasil. Será necessário reconstruir a ordem internacional com países que tenham os mesmos valores: democracia, claro, mas também o respeito às culturas, às identidades. E, no momento, os EUA saem de seus compromissos. Vocês terão a COP 30 [em Belém, em novembro de 2025] depois de os EUA deixarem o Acordo de Paris”, afirmou Lenain.


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