Organizações acusam Emmanuel Macron de branquear “regime ditatorial” na Guiné-Bissau – Mundo



Organizações Não-Governamentais (ONG) guineenses acusaram esta segunda-feira o Presidente francês, Emmanuel Macron, de cumplicidade e de branquear o “regime ditatorial” do chefe de Estado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.





A carta é dirigida ao chefe de Estado de França pela Frente Popular e Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, que se têm insurgido contra o Presidente guineense, e que dizem reunir “mais de 50 organizações cívicas e sociais”.






Estas organizações decidiram escrever ao Presidente de França, a quem acusam de patrocinar o “regime ditatorial de Umaro Sissoco Embaló” e de contribuir “para a consolidação do regime autocrático na Guiné-Bissau com um real contágio a nível regional”.





Nas viagens ao estrangeiro, o Presidente da Guiné-Bissau visita frequentemente o homólogo francês.





As ONG guineenses consideram estas relações diplomáticas “absolutamente alheias aos interesses dos povos guineenses e franceses” e que “colidem frontalmente com os valores e princípios fundadores da República de França, um país de democracia, de direitos e de liberdades”.





As organizações reiteram que o mandato do Presidente guineense terminou en 27 de fevereiro último e que “por teimosia, desprezo à Constituição da República e demais leis em vigor no país, continua ilegalmente a ocupar o Palácio Presidencial com uma clara cumplicidade das forças armadas”.






“Na sua saga de desmantelamento do edifício democrático no nosso país, o ex-Presidente Umaro Sissoco Embaló tem igualmente beneficiado de estranha conivência e cumplicidade de lideranças no Ocidente, com especial destaque para a República de França”, lê-se na carta.





No mesmo documento, acrescenta-se que Macron “tem exercido influências diretas sobre alguns chefes de Estado da CEDEAO, condicionando o seu posicionamento em relação à cruel ditadura vigente na Guiné-Bissau”.





Uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) esteve, em fevereiro, na Guiné-Bissau, para mediar a crise política e foi expulsa pelo Presidente da República, sem que ainda tenha divulgado qualquer conclusão.





As organizações guineenses criticam a condecoração atribuída por Macron a Sissoco Embaló, em 2024, considerando que “não passou de uma operação que visa branquear as nódoas da ditadura na Guiné-Bissau e oficializar o pacto selado com este novo aliado na África Ocidental, num contexto de incertezas marcadas pela retirada militar forjada da França em vários países da África Ocidental e do Sahel”.






Os signatários da carta referem-se ainda aos “esquadrões de tortura na Presidência da República e no Ministério do Interior” da Guiné-Bissau, que responsabilizam por “mais de uma centena de vítimas dentro e fora do país”.





“Raptos, sequestros e espancamentos contra opositores, jornalistas, ativistas e defensores de direitos humanos, é uma realidade conhecida e registada em vários relatórios das organizações de direitos humanos guineenses e internacionais”, concretizam.





Alegam ainda que durante o mandato de Sissoco Embaló, “as liberdades fundamentais, laborais e sindicais foram confiscadas e suprimidas através de medidas inconstitucionais e ilegais” e que o país “tornou-se um refém do crime organizado, tráfico de droga, enquanto a população está mergulhada numa penúria sem precedentes, acentuada pela inflação galopante e pelo endividamento público exponencial”.





As organizações reiteram a intenção de “convocar o povo guineense nos próximos dias para combater a ditadura e colocar o usurpador Umaro Sissoco Embaló fora do Palácio Presidencial”.






O Presidente da Guiné-Bissau completou cinco anos de mandato em 27 de fevereiro e marcou para 23 de novembro eleições presidenciais e legislativas antecipadas.





Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento em dezembro de 2023, antes de passados os 12 meses, fixados pela Constituição, das eleições legislativas ganhas pela Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).









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