Portugal registou, em 2024, um total de 35 casos de sarampo, marcando o regresso da doença após dois anos sem qualquer registo. De acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS), este aumento ocorre num contexto de crescimento do número de casos em vários países europeus, impulsionado por uma adesão à vacinação inferior ao ideal.
Dos 35 casos identificados no ano passado, 20 foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo, dez na região Norte, quatro na zona Centro e um na Madeira. No total, foram notificados 235 casos suspeitos, dos quais apenas 35 foram confirmados como sarampo. A grande maioria dos infetados (21) não estava vacinada, enquanto 12 tinham recebido as duas doses recomendadas e duas pessoas tinham apenas uma dose.
O impacto da doença foi relativamente contido, com apenas cinco pessoas a necessitarem de internamento e nenhuma vítima mortal.
Este ano, até ao momento, Portugal já identificou três novos casos da doença: dois na região de Lisboa e Vale do Tejo e um na região Centro. Segundo a DGS, os infetados são dois adultos e uma criança, todos não vacinados. Os casos foram classificados como “importados”, uma vez que a origem da infeção foi identificada noutro país. Os três pacientes apresentam uma evolução clínica favorável e, até ao momento, não foram identificados casos secundários.
A DGS sublinha que, apesar da elevada taxa de cobertura vacinal contra o sarampo em Portugal, a introdução de novos casos é sempre possível, podendo levar à disseminação da doença em comunidades onde a vacinação não é tão abrangente. No entanto, as autoridades consideram improvável a ocorrência de surtos de grande dimensão.
A situação registada em Portugal enquadra-se numa tendência europeia preocupante. Na última sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alertou para um aumento significativo do número de casos de sarampo na Europa, associando esta subida à diminuição da taxa de vacinação.
Segundo o ECDC, em 2024 foram diagnosticados 32.265 casos de sarampo na União Europeia e no Espaço Económico Europeu (UE/EEE), um aumento drástico face aos 3.973 casos registados em 2023. A agência europeia destaca que este aumento está diretamente relacionado com uma taxa de adesão à vacinação “conscientemente abaixo do ideal”, colocando em risco a imunidade de grupo necessária para conter a doença.
Embora a adesão à vacinação contra o sarampo continue elevada em Portugal, a DGS manifesta preocupação com a crescente hesitação vacinal que se verifica em vários países. Esta tendência pode ter impactos sérios no aumento da circulação de doenças preveníveis pela vacinação, comprometendo os esforços de erradicação da doença.
As autoridades de saúde recomendam que a população mantenha a vacinação em dia, sublinhando que esta é a forma mais eficaz de prevenção contra o sarampo e outras doenças contagiosas.
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