O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) denunciou hoje que o jornalista Román Camacho, especializado na cobertura de ocorrências criminais, foi detido em Caracas.
“O jornalista Román Camacho foi detido este 4 de março. Foi levado para uma sede do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) em El Hatillo [sudeste de Caracas]”, divulgou o SNTP na sua conta da rede social X.
O SNTP afirmou que “a detenção está relacionada com a cobertura de um homicídio em José Félix Ribas, Petare”, no leste da capital.
“Fontes policiais afirmam que o jornalista será presente a tribunal esta quarta-feira”, avançou o sindicato, acrescentando que “para além de ser repórter criminal de Contrapunto Venezuela, [Camacho] é delegado voluntário do SNTP”
“Exigimos a sua libertação imediata e recordamos que informar não é um crime”, sublinhou.
O Gabinete do Relator Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos já expressou preocupação pela detenção e instou as autoridades a garantir que os jornalistas venezuelanos não sejam detidos.
“O RELE insta as autoridades a fornecerem informações sobre o seu paradeiro e as condições em que se encontra, assim como a garantirem o respeito pelos seus direitos fundamentais. No contexto dos direitos humanos na Venezuela, solicita ao Estado que conceda aos jornalistas o máximo de garantias para que não sejam detidos, ameaçados, agredidos, nem lhes sejam retirados os seus materiais e instrumentos de trabalho por estarem a exercer a sua profissão”, expressou.
Na conta do jornalista, a sua mulher publicou uma foto de Roman Camacho e apela a que o marido não seja “utilizado como bandeira política”.
“Estamos atualmente a comunicar com as autoridades e os advogados estão a fazer o seu trabalho. O Román não pertence a nenhum partido político”, sublinha.
Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela em 28 de fevereiro de 2025 estavam detidos e libertados 12 jornalistas e repórteres na Venezuela.
“A perseguição de jornalistas e trabalhadores da imprensa na Venezuela é uma porta giratória. Em 28 de fevereiro, havia 12 detidos arbitrariamente. Outros 12 foram libertados e 10 estão submetidos a medidas cautelares. Exigimos liberdade para todos”, denuncia o SNTP na X.
Segundo o SNTP, estão detidos Rory Branker (desde 20 de fevereiro de 2025). Julio Balza, Leandro Palmar e Salvador Cubillán estão detidos desde 09 de janeiro de 2025.
Desde agosto de 2024 estão detidos os jornalistas Biagio Pilieri, Victor Hugas, Roland Carreño. Gabriel González e Luis López estão detidos desde junho de 2024. Carlos Julio Rojas está detido desde 15 de abril de 2024 e Ramón Centeno desde 2 de fevereiro de 2021.
segundo a ONG Fórum Penal (FP), a Venezuela tem 1.061 presos políticos, depois de desde a semana passada terem sido libertadas 150 pessoas e outras 17 terem sido detidas.
Os dados do FP estão atualizados até 17 de fevereiro de 2025 e dão conta que 940 presos políticos são homens e 121 mulheres; 896 são civis, incluindo quatro adolescentes, e 165 militares.
“Desde 2014, registaram-se 18.295 detenções políticas na Venezuela. O FP deu assistência a mais de 14.000 detidos, [atualmente] libertados, e a outras vítimas de violações aos seus direitos humanos”, indicou a ONG na sua conta da X.
O FP desconhece o paradeiro de 58 presos políticos.
Mais de 10.000 pessoas estão ainda sujeitas arbitrariamente a medidas restritivas da liberdade, segundo a organização.
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