Em conferência de imprensa de balanço das visitas ao estrangeiro do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, Carlos Pinto Pereira aproveitou para abordar a recente polémica que envolve a CEDEAO e o país.
de regresso ao país, Umaro Sissoco Embaló afirmou na segunda-feira ter ordenado a expulsão de uma missão “de alto nível político” que a CEDEAO enviou a Bissau para ajudar a classe política a alcançar consenso à volta do calendário eleitoral.
“Aguardamos da parte da CEDEAO uma retratação pública”, disse hoje o chefe da diplomacia guineense, para quem o nome do país foi “vilipendiado na praça pública” pela atitude da missão.
Para Carlos Pinto Pereira a missão “não tem o direito de faltar ao respeito” às autoridades guineenses pelo que, disse, o Governo “está inteiramente ao lado da posição do Presidente”.
“Não podemos admitir que as leis e as autoridades do país sejam desrespeitadas”, sublinhou, dizendo não compreender de onde saiu a ideia de que a missão da CEDEAO iria elaborar um roteiro de transição na Guiné-Bissau.
Para o chefe da diplomacia guineense, a missão enviada a Bissau pela organização oeste africana não é de alto nível, por ser liderada por um embaixador e só poderia ser de alto nível se fosse dirigida por um ex-Presidente ou por um chefe de Estado em funções.
Pinto Pereira sublinhou ainda que o desrespeito maior foi quando a missão da CEDEAO recebeu uma delegação de deputados em nome da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular dirigida por Fernando Dias.
“Toda a gente sabe que a Comissão Permanente é dirigida pelo seu presidente, que neste caso é a Satu Camará Pinto”, afirmou Pereira, em alusão à terceira vice-presidente do parlamento, que desde setembro tem dirigido a instituição.
As autoridades destituíram Domingos Simões Pereira, lider da coligação PAI-Terra Ranka, da liderança do parlamento e colocaram Camará Pinto naquelas funções.
O chefe da diplomacia guineense considerou que qualquer contacto que a missão da CEDEAO pudesse fazer seria através dos serviços do Protocolo do Estado e também em nome do parlamento, por intermédio de Satu Camará.
Carlos Pinto Pereira disse que a Guiné-Bissau “não admite falta de respeito, nem da CEDEAO nem de qualquer outra organização” e afirmou que o Presidente do país já anunciou que convocará eleições legislativas e presidenciais para 30 de novembro.
A delegação da CEDEAO esteve na Guiné-Bissau, entre 21 e 28 de fevereiro, tendo revelado que deixou o país na madrugada de 01 de março sob ameaça de expulsão por parte do Presidente guieense.
O chefe de Estado não gostou que a missão tivesse alterado o programa inicial e decidido ouvir a coligação que reúne partidos contestatário do regime, a API Cabas Garandi.
A missão acabou por ouvir, também, a comissão permanente deposta do parlamento, depois de a coligação PAI-Terra Ranka recusar reunir-se com a CEDEAO sem que esta comissão fosse incluída nas audiências.
A substituição da liderança do parlamento ocorreu alguns meses depois de o Presidente ter dissolvido, em dezembro de 2023, a Assembleia de maioria Terra Ranka, liderada pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).
O líder da coligação e do PAIGC, Domingos Simões Pereira, assumiu a presidência da Assembleia e entregou a Geraldo Martins a liderança do Governo deposto meio ano depois da posse e substituído por um de iniciativa presidencial.
Simões Pereira encontra-se fora da Guiné-Bissau e, apesar de afastado da Assembleia, tem feito reuniões ‘online’ da comissão que presidia e que acabou por ser ouvida pela CEDEAO, sem a presença do líder.
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