Empresas portuguesas tentam entender qual o melhor caminho para investir no Brasil | Negócios

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Empresários e investidores se reuniram nesta segunda-feira (03/03) no Fórum Brasil-Portugal — Perspectivas de Futuro, realizado em Ponte de Lima, para tentar responder a uma pergunta sobre um tema que os aflige: como ter sucesso ao investir no Brasil? A resposta quase unânime foi a de que, pela complexidade do mercado brasileiro, é preciso definir uma estratégia sólida, baseada em um estudo profundo sobre o que se quer e onde se pretende chegar.

O evento faz parte das comemorações dos 900 anos da vila do Norte de Portugal, de onde houve uma grande emigração para o Brasil. O administrador da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Paulo Rios Oliveira, situou a importância do mercado brasileiro para os portugueses no atual momento político e econômico. “O mundo está cada vez mais deixando de ser multilateral, passando a ser bilateral. Nessa conjuntura, o parceiro mais natural dos portugueses é o Brasil”, afirmou.

Para José Marques da Silva, do Banco BNI, a receita para investir no Brasil é ampla. “É preciso fazer o trabalho de casa muito consistente. A vontade de investir não é suficiente. É preciso identificar oportunidades, olhar para os setores em que podemos ser competitivos, definir uma estratégia alinhada com o mercado e procurar encontrar parcerias para ganhar escala”, disse.

Com sua empresa, a Conservas Ramireez, há 122 anos no mercado brasileiro, o empresário Manuel Ramirez avaliou que o Brasil não é para amadores. “Os desafios são vários, mas as oportunidades são muitas”, assinalou o presidente da mais antiga empresa de conservas de peixes do mundo, criada em 1853. Ele explicou como vê o mercado consumidor dos seus produtos do outro lado do Atlântico. “O Brasil tem 212 milhões de habitantes. A classe A representa 5% desse total, ou seja, cerca de 10 milhões de pessoas. Na classe B, são 20%, aproximadamente 50 milhões com capacidade de consumo”, calculou.

Eterna promessa

Marques da Silva, do BNI, procurou explicar as dificuldades que os empresários portugueses enfrentam para entrar no mercado brasileiro, que é considerado uma “eterna promessa”. “Portugal tem uma perspectiva enviesada do que é o Brasil. O país tem um mercado muito competitivo, com setores tecnologicamente muito avançados. Quem acha que vai encontrar um nicho lá está muito enganado”, avisou.

Sobre como ganhar escala, o representante da AICEP recomendou que as empresas portuguesas se juntem para entrar no mercado brasileiro, quebrando uma barreira cultural entre os empreendedores do país. “O português prefere perder sozinho do que ganhar acompanhado. Tem que se juntar para ganhar músculo”, ressaltou. Tanto ele quanto Marques da Silva assinalaram que a cooperação não se limita apenas à união com outros portugueses. “O mercado brasileiro é muito complexo. É importante criar parcerias com empresas brasileiras”, disse o representante do BNI.

Oliveira chamou a atenção para a existência de entidades de apoio a investimentos, como a AICEP, de Portugal, e a ApexBrasil. “São duas entidades que têm como missão ajudar os empresários a investir em outros países, e não só impulsionar o comércio”, explicou. Além dessas entidades, ele citou o papel das câmaras de comércio no apoio institucional, na busca de oportunidades de investimento e na procura de parceiros para as empresas interessadas.

Embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro chamou a atenção para mais um organismo criado com o intuito de auxiliar quem pretenda levar sua empresa para o mercado brasileiro. “Além da ApexBrasil e da AICEP, nós temos, na embaixada, o setor comercial, dirigido por um diplomata, cuja função é de ajudar quem deseja investir no Brasil, com pessoal preparado, com um guia ponto por ponto do que é necessário e qual o caminho que deve ser seguido para tornar a vida do investidor mais fácil”, disse.

Estudos do Banco de Portugal mostram que o estoque de investimentos brasileiros diretos (IED) em Portugal chegaram, em 2023, a 5,3 bilhões de euros (5,3 mil milhões de euros ou R$ 31,8 bilhões), com alta de 10% na comparação com o ano anterior. Já os investimentos de Portugal no Brasil bateram recorde e atingiram 13,8 bilhões de dólares (13,1 mil milhões de euros ou R$ 82,8 bilhões) em 2022, o melhor resultado em 10 anos. Em média, o IED lusitano no mercado brasileiro cresceu 16,4% ao ano, entre 2015 e 2022. Portugal detém 1,3% dos investimentos estrangeiros no Brasil, na 19º posição do ranking.

O repórter viajou a convite da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro.

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.