Venezuela acusa Guiana de perigosa provocação ao denunciar incursão em zona petrolífera — DNOTICIAS.PT
A Venezuela acusou hoje Georgetown de perigosa provocação para provocar um conflito, após o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, ter denunciado, no sábado, a incursão de um barco de guerra da Marinha venezuelana em águas do Essequibo.
A incursão, segundo a imprensa venezuelana, teve lugar numa região onde a norte-americana ExxonMobil realiza a exploração de jazidas petrolíferas.
“Irfaan Ali pretende erigir-se como o Zelensky das Caraíbas para gerar conflitos na nossa região através de provocações perigosas”, afirma-se o executivo em comunicado.
No documento, Caracas diz “condenar categoricamente as declarações infundadas feitas” pelo Presidente do país vizinho.
“Irfaan Ali mente descaradamente ao afirmar que unidades da Marinha Bolivariana da Venezuela estão a violar o território marítimo da Guiana, ocultando o facto de que essas águas não fazem parte do território guianense, uma vez que se trata de uma zona marítima pendente de delimitação, de acordo com o direito internacional”, acrescenta.
Segundo Caracas, as declarações de Irfaan Ali “estão cheias de imprecisões, falsidades e contradições, na sua ânsia de perturbar a paz e a tranquilidade” da região, “semeando um conflito perigoso”.
“Esta nova provocação procura escalar [a controvérsia] e perturbar a nossa região como zona de paz, e responde aos interesses belicistas da ExxonMobil”, afirma.
“É inadmissível, e constitui uma grave violação do direito internacional, que a Guiana disponha de um território sobre o qual existe um litígio e, pior ainda, disponha de um mar pendente de delimitação, atribuindo concessões ilegais para a exploração de recursos energéticos, ao mesmo tempo que falha de maneira sistemática as suas obrigações internacionais ao abrigo do Acordo de Genebra de 1966, o único mecanismo jurídico que rege o litígio territorial entre as duas nações”, lê-se no comunicado.
A Venezuela exige que a Guiana “cumpra os seus compromissos de procurar uma solução negociada, pacífica, prática e satisfatória para ambas as partes, tal como estabelecido nesse instrumento vinculativo”.
Caracas reafirma o seu “compromisso inabalável na defesa dos seus direitos históricos e legais sobre a Guiana de Essequiba, na proteção da sua integridade territorial”, e condena “qualquer tentativa de intimidação ou provocação contra as suas Forças Armadas” venezuelanas.
“Perante as ameaças de conflito lançadas pelo Zelensky das Caraíbas, em cumplicidade com a sua rede internacional bélica do Norte global, a Venezuela denuncia esta agressão e ratifica que irá utilizar firmemente a sua diplomacia bolivariana em defesa da paz, da soberania e da dignidade do seu povo”, afirma.
Caracas anuncia que solicitará imediatamente a convocação do Mecanismo de Argyle (que tem por base o Acordo de Genebra de 1966) e reafirma seus direitos irrenunciáveis sobre o território Essequibo.
O Presidente da Guaiana, Irfaan Ali, denunciou no sábado a incursão de um barco de guerra da Marinha venezuelana em águas do Essequibo, região em disputa com a Venezuela, onde a ExxonMobil realiza a exploração de jazidas petrolíferas.
“Pelas 07:00 horas, um navio de patrulha da Marinha venezuelana entrou em águas guianenses. Durante esta incursão, aproximou-se de vários bens nas nossas águas exclusivas”, denunciou num comunicado lido em vídeo no Facebook.
Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo é rico em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da população, ou cerca de 125 mil pessoas.
A reivindicação da Venezuela tornou-se mais premente desde que a ExxonMobil descobriu petróleo em Essequibo, em 2015, tendo a tensão entre os dois países aumentado desde então.
Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.
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