Venezuela diz que 28 navios operam em território em disputa com Guiana

Caracas assegurou também que as Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela (FANB) se preparam para responder a ameaças à sua integridade territorial.

 

“A Marinha Bolivariana pôde confirmar, através de imagens de satélite, a presença de 28 navios de perfuração e petroleiros estrangeiros na zona em disputa, que, com o consentimento do governo guianense e em flagrante violação do direito internacional, desenvolvem atividades de exploração e comercialização de hidrocarbonetos existentes no subsolo”, indica o Ministério da Defesa (MD) da Venezuela em um comunicado.

O documento começa por explicar que as FANB, “no exercício de suas funções constitucionais de garantir a soberania e a segurança nacional nos espaços aquáticos”, condenam categoricamente as declarações feitas sábado pelo Presidente da República Cooperativa da Guiana “sobre o trânsito do Navio Patrulha Oceânico AB Guaiquerí (PO-11) em águas pendentes de delimitação, no âmbito da disputa pelo território da Guiana Essequiba”.

“É imperativo recordar que este litígio tem um instrumento jurídico válido em vigor, depositado junto da Assembleia Geral das Nações Unidas, que rege a sua solução prática, política e satisfatória: o Acordo de Genebra. Por conseguinte, a Guiana não tem qualquer base jurídica ou legitimidade para dispor unilateralmente de uma zona onde não pode exercer nem soberania nem jurisdição”, afirma.

Segundo o comunicado, a Venezuela é um país agredido por representantes do imperialismo norte-americano, como a ExxonMobil.

“Por esta razão, a FANB rejeita as posições tendenciosas e parcializadas, adotadas por algumas organizações regionais que, longe de contribuírem para a solução do diferendo entre a Venezuela e a Guiana, se tornaram profetas do desastre, promovendo políticas de hostilidade e de guerra”, acrescenta.

O comunicado, assinado pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, conclui afirmando que “perante essas incessantes investidas, as Forças Armadas, fiéis à sua natureza anti-imperialista, preparam-se em perfeita fusão militar-policial popular para responder a qualquer ameaça e preservar a integridade territorial e a paz da República” da Venezuela.

O Presidente da Guaiana, Irfaan Ali, denunciou no sábado a incursão de um barco de guerra da Marinha venezuelana em águas do Essequibo, região em disputa com a Venezuela, onde a ExxonMobil realiza a exploração de jazidas petrolíferas.

“Pelas 07:00 horas, um navio de patrulha da Marinha venezuelana entrou em águas guianenses. Durante esta incursão, aproximou-se de vários bens nas nossas águas exclusivas”, denunciou num comunicado lido em vídeo no Facebook.

Em 17 de fevereiro último o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, anunciou que as autoridades guianenses estavam a realizar uma investigação exaustiva sobre um “grave” ataque a seis soldados, no rio Cuyuni, perto da fronteira com a Venezuela.

“Estamos a levar isto muito a sério (…) Isto é grave, porque eles dispararam contra uniformizados (…) vamos receber a avaliação e depois discutiremos o nosso procedimento, que é importante para a proteção dos nossos homens e mulheres de uniforme e também da nossa soberania”, disse o Presidente guianense.

Segundo a Força de Defesa da Guiana (GDF), os soldados guianenses foram alegadamente atacados por atiradores mascarados do lado venezuelano.

Com cerca de 160 mil quilómetros quadrados, Essequibo é rico em petróleo, representa mais de dois terços do território da Guiana e abriga cerca de um quinto da população, ou cerca de 125 mil pessoas.

A reivindicação da Venezuela tornou-se mais premente desde que a ExxonMobil descobriu petróleo em Essequibo, em 2015, tendo a tensão entre os dois países aumentado desde então.

Para a Venezuela, o rio Essequibo devia ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.

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