Depois de oito anos, a seleção brasileira masculina de basquete voltará a pisar em uma quadra olímpica. A vaga em Paris veio com vitória maiúscula sobre a Letônia, que era considerada favorita e atuava em casa. Para triunfar nos Jogos da capital francesa, o Brasil também vai precisar superar equipes mais bem colocadas no ranking mundial, como França e Alemanha, rivais já na primeira fase. O Japão será o outro adversário brasileiro, e Pedro Maia, comentarista da Globo e do sportv, conversou com o ge para avaliar os desafios que a equipe verde e amarela enfrentará nas Olimpíadas.
Pedro Maia analisa grupo da seleção masculina de basquete nas Olimpíadas e projeta favoritos a medalhas
Vale destacar que o torneio masculino de basquete terá três grupos nos Jogos de Paris, e o Brasil estará no B. Os dois primeiros colocados de cada chave avançarão às quartas de final, assim como os dois melhores terceiros.
A estreia do Brasil em Paris será justamente contra a França, dona da casa, no sábado, 27 de julho, às 12h15 (de Brasília). Dona de três medalhas de prata em Olimpíadas – a última conquistada em Tóquio 2020 –, a equipe europeia quer apagar o mau desempenho na Copa do Mundo do ano passado, quando terminou apenas na 18ª posição. E pode gerar problemas para a seleção brasileira, como avaliou Pedro Maia:
– A França tem o garrafão mais imponente das Olimpíadas, com (os pivôs) Rudy Gobert, Victor Wembanyama e Mathias Lessort. Será um desafio grande jogar ali dentro. Gobert protege muito bem o garrafão, e Wembanyama é espetacular como defensor da ajuda, pela agilidade, envergadura e mobilidade. Em função disso, o Brasil precisará construir um bom jogo de perímetro, conseguir arremessos limpos e ter aproveitamento nas bolas de três.
– Para a defesa brasileira, duas coisas serão fundamentais. A primeira é uma pressão em cima do Wembanyama. Nos amistosos de preparação, sempre que a seleção francesa não pôde contar tanto com esse jogador, encontrou dificuldade para criar ofensivamente. A segunda é ter cuidado com as trocas defensivas, porque Gobert vai levar vantagem contra a maioria dos nossos jogadores no garrafão. Foi assim que a França conseguiu surpreender os Estados Unidos na estreia nos Jogos Olímpicos de Tóquio – analisou Pedro Maia.
O fator casa também deve ser levado em consideração. A Arena Bercy, palco do basquete nas Olimpíadas de Paris, tem capacidade para mais de 20 mil torcedores, e as arquibancadas estarão lotadas nos jogos da França. Um incentivo a mais para que a seleção local tente superar as más lembranças deixadas pela Copa de 2023.
– Independentemente da parte técnica ou tática, o Brasil vai ter que entrar com muita atitude e igualar o senso de urgência dos franceses. Espera-se que a França venha com a faca nos dentes e fome de redenção – disse Maia.
Segunda rival do Brasil em Paris, a Alemanha não tem medalhas olímpicas e caiu nas quartas dos Jogos de Tóquio. No entanto, os alemães chegam à capital francesa com muita moral. Conquistaram o bronze no Campeonato Europeu de 2022 e se sagraram campeões mundiais no ano passado, com direito a uma vitória sobre os Estados Unidos na semifinal.
– Vai ser complicado conseguir essa revanche contra a Alemanha, porque é uma equipe que evoluiu demais, principalmente nos últimos cinco anos. Se tivéssemos que definir o sucesso alemão em uma palavra, poderíamos falar em versatilidade. É uma seleção que faz muitas coisas de maneira quase perfeita. Não há muitas lacunas no sistema de jogo. Gosta de dois pivôs na fase ofensiva. Tem um jogo apoiado também no Dennis Schröder, um espetacular armador, rápido, de nível NBA. Sabe explorar os desequilíbrios dos adversários. Defensivamente, embora não seja de muita pressão na bola, consegue ter organização – avaliou Pedro Maia, antes de completar:
– É complicado apontar uma brecha para o Brasil atacar a Alemanha efetivamente. Para que a seleção brasileira tenha sucesso, será preciso minar os dois principais destaques alemães, tirando volume e eficiência de Franz Wagner (ala) e Dennis Schröder.
Brasil e Alemanha medirão forças no dia 30 de julho, às 16h (de Brasília).
Na última partida do Grupo B, o Brasil vai enfrentar o Japão no dia 2 de agosto, às 6h (de Brasília). Sem medalhas em Copas do Mundo ou Olimpíadas, a seleção asiática é 26ª colocada no ranking da Federação Internacional (Fiba), atrás do Brasil, 12º. Para efeitos de comparação, a França ocupa o nono lugar, e a Alemanha aparece na terceira posição.
Os japoneses, então, são apontados como adversários mais acessíveis para o Brasil na primeira fase das Olimpíadas. Isso não significa, porém, que a equipe verde e amarela terá vida fácil.
– O Japão vem com a melhor seleção da sua história. É um país que evolui muito no basquete, principalmente pelo crescimento da liga local. Tem um estilo de jogo bem definido. Defensivamente, é agressivo, gosta de colocar pressão no adversário. Os japoneses são muito raçudos, brigam o tempo todo pela bola. Apoiam-se nessa intensidade defensiva para fazer um jogo efetivo de transição, de contra-ataque, testar arremessos. Só que o Japão não se resume só a isso ofensivamente. Tem um refino no jogo de pick and roll. O pivô Josh Hawkinson é considerado um grande moderno, sabe fazer o bloqueio no perímetro, abrir para arremesso de três. Aliás, o Japão recorre bastante às bolas de três – apontou Pedro Maia, que ainda deu caminhos para a seleção brasileira explorar na partida:
– O Brasil vai precisar de três elementos fundamentais. O primeiro é transição defensiva, voltar bem. Já sabemos da capacidade do time japonês de correr a quadra, jogar em velocidade. A seleção brasileira também precisará ter uma boa defesa de perímetro, contestar os arremessos de três. E o elemento de maior peso no confronto será a imposição no garrafão, o duelo físico, algo que os japoneses não conseguem tanto. Então, será um jogo para Bruno Caboclo.
Os principais candidatos a medalhas
Pedro Maia também conversou com o ge sobre as seleções que despontam como favoritas ao pódio nas Olimpíadas de Paris. O comentarista colocou França e Alemanha, adversárias do Brasil na primeira fase, como fortes candidatas. Ainda crê que Sérvia e Canadá têm boas chances. Mas ninguém aparece tão bem cotado quanto os Estados Unidos, atuais tetracampeões olímpicos.
– A seleção dos EUA é a grande favorita ao ouro, com elenco pesadíssimo: Stephen Curry, Kevin Durant, LeBron James. Tem peças também que são fundamentais para uma conquista desse tamanho, os chamados carregadores de piano: Jrue Holiday, responsável pela defesa, Anthony Davis, uma grande estrela, mas que vai trabalhar na proteção de aro. É um time muito bem montado e em uma posição privilegiada para buscar o lugar mais alto do pódio – afirmou Maia.
Na preparação para os Jogos de Paris, os Estados Unidos venceram a Sérvia com tranquilidade. De acordo com o comentarista da Globo e do sportv, no entanto, isso não pode gerar a impressão de que os sérvios são frágeis. Até porque eles contam com Nikola Jokic no elenco.
– São os atuais vice-campeões mundiais e ainda adicionaram ao time da Copa o Jokic, jogador mais efetivo do planeta, três vezes MVP da NBA. Com atletas muito provados no universo Fiba, a seleção sérvia também é bem treinada. O Svetislav Pesic é um técnico com 42 anos de carreira. Na Copa do Mundo de 2023, o time surpreendeu pela agressividade na defesa, colocando muita pressão na bola – falou Maia, que ainda elogiou o Canadá:
– É uma seleção recheada de jogadores provados na NBA. Alguns são estrelas, como Jamal Murray e Shai Gilgeous-Alexander, um cracaço de bola, muito confortável nas situações de meia-quadra e bem ao atacar as defesas por zona. As grandes ferramentas do Canadá são a experiência adquirida na Copa do Mundo (quando foi bronze, vencendo os EUA) e o fato de ser muito forte nos dois lados da quadra. Não tem pivôs tão confiáveis, mas o Kelly Olynyk, especificamente, traz muito impacto para o jogo Fiba.
Quantas medalhas o Brasil vai conquistar em Paris 2024?
Veja os grupos do torneio masculino de basquete nas Olimpíadas de 2024:
- Grupo A: Austrália, Grécia, Canadá e Espanha
- Grupo B: França, Alemanha, Japão e Brasil
- Grupo C: Sérvia, Sudão do Sul, Porto Rico e Estados Unidos
Confira a agenda do Brasil em Paris (horários de Brasília):
- Sábado, 27 de julho: Brasil x França – 12h15
- Terça-feira, 30 de julho: Brasil x Alemanha – 16h
- Sexta-feira, 2 de agosto: Brasil x Japão – 6h
Quem será o grande nome em Paris 2024?
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