Adeline Rapon, fotógrafa francesa de ascendência martinicana, desembarca no Brasil para inaugurar sua exposição “Legado Perdido” na Galeria da Aliança Francesa do Rio de Janeiro.
De 28 de março até 25 de maio de 2024. Entrada gratuita.
A Galeria da Aliança Francesa Botafogo, com o apoio da Embaixada da França no Brasil apresentam a exposição “Legado Perdido” da fotógrafa francesa de origem martinicana, Adeline Rapon. A mostra destaca 37 fotografias, incluindo a marcante série de autorretratos “Fanm Fò”, uma reflexão sobre mulheres conhecidas ou anônimas das Antilhas Francesas, que desafia nossa percepção do século XIX. A abertura acontece no dia 28 de março (quinta-feira), às 18h30, com a presença da artista, e a exposição permanece em cartaz até 25 de maio de 2024. A entrada é gratuita, mediante inscrição pelo Sympla, no link: https://www.sympla.com.br/abertura-da-exposicao-legado-perdido-de-adeline-rapon__2373011.
Adeline Rapon iniciou sua carreira como blogueira em 2008 (uma das primeiras na França) e, posteriormente, tornou-se designer de joias até 2020. Hoje, com mais de 70.000 seguidores no Instagram, ela trabalha regularmente com moda e documentário, além de se engajar em ativismo.
Em 2020, criou a série de autorretratos “Fanm Fò”, onde criou um jogo de espelhos com postais do século XIX das Antilhas – nome dado às ilhas do Mar do Caribe, questionando a sua identidade como mulher mestiça da Martinica e o papel das mulheres nas Antilhas. Esta série foi exibida em importantes eventos, como o Rond-Point (Fort-de-France) em 2020 e no Rencontres Photographiques du 10e (Paris), em 2021.
“Fanm’ Fo”, que significa “mulher forte” em crioulo foi produzida durante o confinamento de março de 2020 e compartilhada em seu Instagram, revelando uma nova perspectiva sobre mulheres caribenhas do século XIX. Nesta série, Rapon questiona a representação das mulheres nas colônias francesas, destacando o estereótipo criado pelo Império Colonial Francês.
“Esta série fotográfica é uma reviravolta na minha vida. Permitiu-me afirmar a minha herança martinicana numa França que desde o século XIX tem o hábito de caricaturar e de zombar dela, mas também de aprender muito sobre ela através das pesquisas diárias que acompanhavam as fotografias. Além de tudo isso, também entendi que, finalmente, era isso que eu realmente queria fazer na minha vida: ser uma artista fotográfica. Me aprofundar em um assunto e fazer dele uma obra, que poderá então ser mostrada e contada. Fanm Fò é um momento precioso que tenho o prazer de contar novamente em uma terra tão rica e mista como o Brasil”, diz Adeline Rapon
“Negra da Martinica”, “Mulata de cabelos macios”, “Tipo de mulher de Guadalupe” designam mulheres anônimas, fazendo pose, algumas com os olhos perdidos, outras desgrenhadas. Na sua maioria retirados de postais, estes retratos antigos apresentam figuras reais, muitas vezes fantasiadas, e apresentam-nas como um ponto de venda para o turismo emergente, destacando o Império Colonial Francês no poder até 1945 na Martinica, Guadalupe e na Guiana. Este tipo de imagens foi recorrente em todas as colônias francesas, criando uma imagem estereotipada dos países africanos e asiáticos na França.
O jogo de comparação entre o autorretrato reconstruído e a fotografia original leva a uma melhor percepção do modelo anônimo. Ao acentuar a diferença entre o presente e o passado, uma dupla narrativa toma forma: de um lado, um quotidiano congelado entre as paredes de um apartamento parisiense, do outro, as pessoas anônimas encerradas numa imagem colonial, produzida principalmente em estúdio.
A série se desdobra para romper com o pessimismo do imaginário “doudouísta”, começando com a figura notável de Paulette Nardal, muitas vezes negligenciada, e também a bisavó da própria fotógrafa. Muitas mulheres das Antilhas fizeram carreira na França no início do século XX, e o desfecho da série é uma homenagem a elas, na forma de “femmage” (um tributo de uma mulher a outra).
A exposição também apresenta as séries “Vie et Mort” (Vida e Morte) e “Lien.s” (“Elos”), ambas destacando a população e a cultura martinicana. “Vie et Mort” inclui seis fotos que exploram as tradições e a herança da Martinica por meio das celebrações do Dia de Todos os Santos e do contador de histórias local Alain Légarès. Por outro lado, “Liens” visa dar visibilidade à comunidade LGBTQIAP+ da Martinica e aos desafios enfrentados por eles.
Adeline foi convidada pelo Rond-Point des Arts (Fort-de-France, Martinica) a realizar esse projeto em fevereiro de 2023.
A fotógrafa (@adelinerapon)
Adeline Rapon nasceu em Paris, em 1990, filha de mãe de Corrèze e pai da Martinica. Sua jornada artística teve início com estudos em literatura e história da arte, onde desenvolveu habilidades diversas em desenho, pintura, escultura, cenografia e fotografia, alimentadas por leituras e visitas a exposições.
Em 2008, criou um blog pioneiro que combinava fotografia, arte e moda, tornando-se uma das primeiras blogueiras influentes. Em 2011, ingressou na Haute Ecole de Joaillerie em Paris, aprimorando sua prática em design de joias, escultura e metalurgia. Como aprendiz em uma oficina de joalheria, co-desenvolveu linhas de jóias para diversos criadores.
Paralelamente, mantinha uma presença ativa no Instagram, onde compartilhava seu trabalho fotográfico, escritos e ativismo, reunindo uma comunidade de 70 mil seguidores. Em 2020, decidiu dedicar-se integralmente a sua arte e fundou seu próprio negócio. Estabeleceu parcerias com marcas e focou principalmente na fotografia de personalidades, moda e documentário, enquanto afirmava seus valores feministas, queer e decolonial.
Ao longo de sua carreira, expôs suas obras em diversos locais, incluindo a série “Fanm Fô” em 2020 na Martinica e em 2021 em Paris para os Rencontres Photographiques du 10e, além da série “Renaissance” em 2022 na galeria Fabrique Contemporaine e no Café Mona.
Em maio de 2022, lançou uma história em quadrinhos co-escrita com Emilie Gleason, intitulada “Ébouriffant.es”, publicada pela Le Nouvel Attila. No ano seguinte, integrou o júri do Prix Utopi·e, um prêmio dedicado a artistas LGBTQIA+ contemporâneos. Em 2023, realizou uma exposição fotográfica na Martinica intitulada “Lien·s”, que reuniu histórias da comunidade LGBTQIA+ local, financiada pelo Rond-Point des Arts. Em setembro do mesmo ano, durante uma residência artística financiada pela Maison de l’Architecture Martinique, produziu uma série documental sobre a cidade de Saint-Pierre, intitulada “Saint-Pierre não é uma ruína”, exibida até o final de dezembro na “Ginguette “.
Sobre a Aliança Francesa:
Com 138 anos de atividades no Brasil, a Aliança Francesa é uma referência na difusão da língua francesa e das culturas francófonas. Possui, atualmente, mais de 830 unidades em 132 países, onde estudam cerca de 500.000 alunos. Na França, conta com escolas e centros culturais para estudantes estrangeiros e no Brasil possui a maior rede mundial de Alianças Francesas, com 37 associações e 68 unidades. É a única Instituição no Brasil autorizada pela Embaixada da França a aplicar os exames de conferem acesso aos diplomas internacionais DELF e DALF, reconhecidos pelo Ministério da Educação Nacional Francês. Além disso, é centro de exames oficiais para diversas modalidade do TCF, destinado ao público não francófono que deseja validar de maneira simples e segura seus conhecimentos de francês por razões pessoais, profissionais ou de estudo.
Serviço
Exposição “Legado Perdido”, de Adeline Rapon
Abertura: quinta-feira, 28 de março de 2024 – 18h30
A entrada é gratuita com distribuição de ingressos pela plataforma Sympla, através do link: https://www.sympla.com.br/abertura-da-exposicao-legado-perdido-de-adeline-rapon__2373011
Exposição: de 28 de março até 25 de maio
Galeria da Aliança Francesa do Rio de Janeiro
Rua Muniz Barreto, 730, Botafogo, Rio de Janeiro
(21) 2286-4248 / 2539-4118
www.rioaliancafrancesa.com.br / https://www.facebook.com/aliancafrancesarj
https://www.youtube.com/user/aliancafrancesarj/ https://www.instagram.com/rioaliancafrancesa/
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