Museu da Catástrofe é atração emocionante na Martinica, no Caribe francês

A Martinica é um dos picos de uma área com 18 vulcões. A ilha é linda, mas quase não sobrou ninguém para contar a história.

Em 1902, o vulcão ativo Monte Pelée, no norte dessa ilha das Antilhas, entrou em erupção, matando quase 30 mil pessoas, em questão de minutos. Somente três pessoas teriam sobrevivido.

Segundo relatos, as nuvens provenientes das erupção se moveram a uma velocidade de quase 700 km/h e a temperatura interna era de mais de 1.000 °C.

E para entender um pouco mais a história de um dos piores desastres vulcânicos do século passado, o Viagem em Pauta foi conhecer o Mémorial 1902.

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O pequeno e cenográfico Mémorial de la Catastrophe de 1902, espaço criado pelo vulcanólogo estadunidense Frank A. Perret, em 1933, fica em Saint-Pierre, no norte da ilha, e tem um acervo com mais de 430 peças retiradas da catástrofe, como o impressionante sino de bronze, de 1865, deformado pelo calor da erupção, e o aglomerado de objetos como jarras e potes, em meio a lavas vulcânicas.

Outro destaque são os alimentos retirados do acidente, como o açúcar e os grãos de café petrificados pelo vulcão.

foto: Eduardo Vessoni
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Grãos de café petrificados (foto: Eduardo Vessoni)

A catástrofe

A erupção do Monte Pelée foi na manhã do dia 8 de maio de 1902, mas, semanas antes, o vulcão já dava sinais do que viria pela frente.

No final de abril, colunas escuras de vapor começaram a se formar, seguidas de chuvas de cinzas, em Prêcheur, e leves terremotos. Os dias seguintes foram marcados também por maremoto, subida das águas dos rios Pères e Roxelane, e chuvas torrenciais.

foto: Reprodução

Na época, Saint-Pierre, a cidade mais afetada pela explosão, era não só a capital da Martinica, mas também o principal destino comercial e cultural da ilha, uma espécie de “Paris caribenha”. Desde aquele dia mortal, Fort-de-France se tornaria a capital do destino.

“Saint-Pierre desapareceu com essa erupção do tipo peleana”, descreve Jacqueline Marie-Rose, do Martinique Tourism Authority, órgão responsável pela promoção turística da Martinica.

Essa erupção, cujo nome é inspirado no Monte Pelée, é conhecida pela grande quantidade de explosões de fragmentos, como rochas quentes, cinzas e poeiras, formando assim o que se conhece hoje como “nuvem ardente”.

“Isso nos permite compreender que não foi [uma erupção] de lavas, mas de gases”, completa Jacqueline.

foto: Eduardo Vessoni

Um dos casos de sobrevivência mais famosos é o de Cyparis, provavelmente, um dos três únicos que conseguiram escapar com vida da fúria do vulcão.

O milagre teria acontecido porque esse prisioneiro foi encontrado vivo, três dias depois da erupção, protegido pelas paredes de sua cela. Apesar das graves queimaduras, Cyparis chegaria a ser exibido no Barnum, o maior circo dos EUA, como “O homem que sobreviveu ao Juízo Final”.

Mas pode ficar tranquilo, pois a última erupção do Pelée foi entre 1929 e 1932 e, atualmente, as atividades vulcânicas na montanha são monitoradas com frequência.

Aliás, tem até trilhas sinalizadas que levam os mais aventureiros à caldeira do vulcão.

Todos os caminhos levam ao vulcão

A 1.397 metros sobre o nível do mar, no ponto mais alto da Martinica e um dos mais elevados do Caribe, o Monte Pelée é um vulcão ativo no Parc Naturel Régional de la Martinique que, desde o ano passado, é Patrimônio Mundial da UNESCO.

De onde você estiver, essa montanha no norte da ilha sempre vai dar um jeito de mostrar sua imponência, ainda que seu pico esteja nublado.

Mas para ver de perto a caldeira desse vulcão, você vai ter que suar.

Luísa na subida do Monte Pelée (foto: Arquivo Pessoal)

“É e não é [uma trilha] para qualquer pessoa. A primeira vez, fui sem preparo nenhum para uma caminhada dessa proporção e fiquei vários dias com dor no corpo. Mas a impossibilidade é sempre na cabeça”, avisa Luísa, que já tem no currículo aventureiro mais de 35 trilhas diferentes na ilha.

Como não poderia ser diferente, em terras selvagens do norte da Martinica, o caminho, embora demarcado, é cheio de desníveis e tem terreno escorregadio de rochas que precisam ser, literalmente, escaladas. Porém, não é preciso ser nenhum profissional, muito menos usar equipamento especial.

E, a cada etapa vencida daquele sobe e desce exigente, um novo mundo se abre sob os pés, numa sequência de microclimas que se desenvolvem naquele terreno de cinzas endurecidas.

SAIBA MAIS: “Brasileira conta como é subir vulcão no Caribe”

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SAIBA MAIS

Mémorial de la Catastrophe de 1902
Diariamente, das 9h às 18h
Rue Victor-Hugo, 169 (Saint-Pierre, Martinica)
Ingressos: 8 € (adulto); 6 € (crianças de 7 a 17 anos); e grátis (abaixo de 7 anos)

memorial1902.org

Crédito: Link de origem

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