Lula clama aos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: ‘olhem para o Haiti. Vácuo de liderança agrava esse quadro’

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta terça-feira (17), em reunião do G7, no Canadá, que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU coloquem em prática medidas para ajudar a população do Haiti. O alerta em seu discurso ocorreu seis dias após a Organização Internacional para as Migrações (OIM) afirmar que o número de deslocados internos no país da América Central chega a 1,3 milhão devido à violência entre grupos de crime organizado. O Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU também apontou que mais de 5,7 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar aguda, em uma população de cerca de 10 milhões a 12 milhões de habitantes, segundo estatísticas oficiais.

“No Haiti, a comunidade internacional permanece indiferente ao cotidiano de caos e atrocidades perpetradas pelo crime organizado. O vácuo de liderança agrava esse quadro. Estão sentados em torno desta mesa três membros permanentes do Conselho de Segurança e outras nações com tradição na defesa da paz: é o momento de devolver o protagonismo à ONU”, disse Lula.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido. Ao falar em “três membros permanentes”, Lula fez referência a esses três últimos países, que também fazem parte do G7 com mais quatro potências – Alemanha, Canadá, Itália e Japão.

De acordo com a OIM, agência da ONU com sede em Genebra, na Suíça, a quantidade de deslocados no Haiti (1,3 milhão) representou um aumento de 24% em comparação com dezembro de 2024. Foi o número mais alto já registrado no Haiti.Estatísticas oficiais apontam que um quarto dos 10 milhões a 12 milhões de habitantes vive na capital haitiana, Porto Príncipe. Mas a preocupação vai além da capital. No Norte do Haiti, o número de pessoas que deixaram suas casas aumentou quase 80%, informou a OIM.

No começo do mês, o PAM da ONU alertou sobre a impossibilidade de agir em caso de eventuais catástrofes naturais no Haiti. Estimado em mais de US$ 900 milhões, o plano de ajuda humanitária para 2025 dispõe de apenas 8% do financiamento necessário, conforme apontou a diretora regional do PAM, Lola Castro, no dia 3 de junho.