O Programa Mundial de Alimentos, WFP, alertou para a grave situação humanitária no Haiti, onde os estoques de alimentos da agência devem durar apenas até o final do próximo mês.
Um levantamento, divulgado pela ONU esta semana, mostra que o Haiti é um dos cinco pontos mais críticos de fome no mundo ao lado dos Territórios Palestinos, Sudão, Sudão do Sul e Mali. Com o início da estação de furacões, o país caribenho fica ainda mais vulnerável.
Corte de verbas preocupa
Em entrevista à ONU News, a diretora regional do WFP para América Latina e Caribe, Lola Castro, disse que a quantidade de comida nos armazéns da agência, geralmente, é suficiente para atender a 500 mil haitianos, mas com a crise de verba, essa previsão ficou ameaçada.
“Mas este ano, temos uma situação que não temos estoques alimentares por causa da redução de fundos. Isto é uma grande preocupação para nós, para o governo, para a sociedade civil. Se houver um furacão ou qualquer outro choque climático, choque natural, o PMA ou outras agências das Nações Unidas não terão possibilidade de resposta imediata. Isso é muito preocupante porque já vemos os números de pessoas em insegurança alimentar, e se não temos uma resposta imediata, esses números vão crescer ainda mais.”
O Haiti está atravessando uma crise político-econômica e de insegurança há vários anos.
Atualmente, 1,3 milhão de haitianos estão vivendo fora de suas casas por causa da violência de gangues e outros conflitos.
Lola Castro, diretora regional do Programa Mundial de Alimentos para a América Latina e o Caribe, durante visita ao Haiti
Famílias sobrecarregadas
Na capital Porto Príncipe, 85% do território é comandado por facções. Uma situação que se arrasta para áreas nos arredores como Artibonite e Centre. A emergência no Haiti foi debatida no Conselho de Segurança e outros órgãos da ONU.
Cerca de 83% dos refugiados estão hospedados em casas de famílias anfitriãs, o que coloca pressão sobre famílias já sobrecarregadas, especialmente em comunidades rurais.
Para Lola Castro, o Haiti e seus parceiros internacionais devem partir para uma solução política que possa aliviar o sofrimento dos cidadãos.
Eleições em 2026
“Temos que resolver juntos. E a resolução política que está a avançar, se espera que até o fim do ano, vamos ter um referendo para a Constituição e já no próximo as eleições presidenciais. Mas com essa situação política tão complicada de violência em volta da casa, temos preocupações que o programa eleitoral se retarde. Mas as outras agências estão a trabalhar com o governo para conseguir se essas atividades ocorram a tempo. Fim do ano, referendo, e no próximo: eleições.”
O WFP lembra que 5,7 milhões de haitianos vivem em insegurança alimentar, o número equivale à metade da população.

Vendedores cercados por lixo vendem produtos em Porto Príncipe, Haiti
Apelo de emergência
Lola Castro afirma que a situação é catastrófica, mas que as agências da ONU seguem trabalhando para apoiar os haitianos que precisam.
O WFP informa que menos de 10% do apelo de emergência foi coberto pelos doadores.
A proposta deste ano era chegar a 2,5 milhões de pessoas, mas com o corte de verbas, a agência foi obrigada a reduzir suas rações, o que leva a mais desespero e tensão.
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