Os agentes do recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau decidiram reter os dados coletados devido à falta de pagamento de subsídios combinados com o Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE). A informação é avançada pelo presidente do grupo, Helmer Quadé.
Quadé disse numa reunião com o diretor-geral do GTAPE, Gibril Baldé, ter comunicado a decisão dos agentes de “não entregar os dados do recenseamento” até receberem os subsídios em falta, correspondentes a 45 dias de trabalho.
O presidente dos chamados ‘brigadistas’ do recenseamento eleitoral tem consciência que a sua ação poderá prejudicar as eleições legislativas e presidenciais marcadas para 23 de novembro próximo.
“Não vamos entregar os dados do recenseamento e desta forma não haverá a sincronização de dados no GTAPE”, afirmou Helmer Quadé, admitindo que, consequentemente, os dados não vão chegar à Comissão Nacional de Eleições (CNE). Tal posição, acrescentou, poderá afetar a realização de eleições na data prevista.
Aviso a Sissoco Embaló
Para que as eleições possam decorrer na data prevista, a CNE deverá receber com antecedência os cadernos eleitorais, produzidos a partir da sincronização dos dados apurados em diferentes zonas do recenseamento de cidadãos com capacidade eleitoral ativa.
Entretanto, o presidente dos ‘brigadistas’ apelou ao chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, no sentido de intervir junto do Ministério das Finanças para que “mande pagar” a dívida que, segundo disse, já foi aprovada pelo Conselho de Ministros.
“Estamos a apelar ao Presidente da República para que intervenha nessa situação”, afirmou Quadé que reconhece o papel do diretor-geral do GTAPE, instituição ligada ao ministério da Administração Territorial.
O presidente dos agentes do recenseamento eleitoral observou que, na reunião de hoje, Gibril Baldé lhes pediu que entregassem os dados do recenseamento com a promessa de que iria tentar desbloquear o pagamento, mas que rejeitaram o apelo.
Contra incumprimentos
Helmer Quadé justificou esta posição afirmando que, em 2018, acederam a um pedido semelhante e entregaram os dados, mas que até hoje não receberam os subsídios que então lhes deviam. “Nós trabalhamos em prol do país, mas precisamos ser pagos pelo nosso trabalho”, recordou.
Quadé explicou que dos 75 dias que trabalharam no registo dos cidadãos eleitores, apenas receberam o correspondente a 30 dias.
De referir que, em virtude da dissolução do Parlamento em dezembro de 2023, o Presidente guineense marcou eleições simultâneas para 23 de novembro próximo e tem repetido que o escrutínio não será adiado.
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