Crédito, Reuters
O conflito entre Israel e Irã está entrando no quinto dia nesta terça-feira (17/06, no horário local) com pelo menos 248 pessoas mortas até agora: 224 no Irã e 24 em Israel, segundo dados oficiais dos dois governos.
Nas primeiras horas da madrugada de terça (ainda noite de segunda-feira, 16/06, no Brasil), explosões e ataques aéreos israelenses foram registrados em Teerã, capital do Irã, segundo a agência Reuters.
Na noite de segunda, a Casa Branca anunciou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antecipou sua saída da cúpula do G7, que está acontecendo no Canadá, para lidar com a crise no Oriente Médio (leia mais abaixo).
Um porta-voz das forças armadas israelenses afirmou nesta segunda-feira que Israel “alcançou controle aéreo total sobre Teerã”.
“Destruímos um terço dos lançadores de mísseis superfície-superfície do regime iraniano”, disse o brigadeiro-general Effie Defrin em uma coletiva de imprensa.
“Estamos a caminho de alcançar nossos dois objetivos: eliminar a ameaça nuclear e eliminar a ameaça dos mísseis”, afirmou, em seguida, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O embaixador iraniano nas Nações Unidas (ONU), Amir Saeid Iravani, afirmou por sua vez que o Irã tem o direito à autodefesa e conduziu “operações defensivas proporcionais” aos ataques israelenses.
Mais cedo, Netanyahu tentou diferenciar os ataques israelenses dos iranianos, afirmando que Israel tinha como alvo ameaças nucleares e armamento com mísseis, enquanto o Irã teria como alvo civis.
“O Irã, em conformidade com o princípio da proporcionalidade, tomou medidas adicionais visando infraestruturas específicas em Israel como alvos legítimos que materialmente apoiaram sua ofensiva em andamento”, afirmou ele em carta ao Conselho de Segurança da ONU.
O embaixador também acusou Israel de atacar civis e infraestrutura civil.
Na ocasião, autoridades israelenses argumentaram que o Irã estava avançando com seu plano de transformar urânio enriquecido em arma nuclear, o que seria um “perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel”.
- A mídia estatal iraniana relatou explosões e intensos disparos de defesa aérea em Teerã nas primeiras horas da manhã de terça-feira (17/06, no horário local), de acordo com a Reuters.
- As autoridades israelenses suspenderam um alerta anterior que cobria diversas regiões após a detecção de mísseis sendo lançados do Irã.
- A Rede de Notícias da República Islâmica do Irã (The Islamic Republic of Iran News Network, IRINN, em inglês), parte da emissora estatal iraniana, afirmou ter sido atacada por Israel. Em um vídeo, é possível ver o momento em que destroços caem no estúdio e uma apresentadora se retira. Isso ocorreu após ameaças feitas pelo ministro da Defesa israelense, que disse que a emissora estatal estava “prestes a desaparecer”.
- Mais cedo, explosões atingiram grandes cidades israelenses, incluindo Tel Aviv e a cidade portuária de Haifa.
- Os ataques iranianos ocorreram logo após Israel lançar ataques contra bases de mísseis superfície-superfície no Irã e matar o chefe de inteligência das forças armadas iranianas, Mohammad Kazemi.
- A embaixada americana em Tel Aviv sofreu “danos leves” durante os ataques noturnos do Irã. Nenhum funcionário americano foi ferido, disse o embaixador Mike Huckabee. A embaixada dos EUA em Jerusalém permanecerá fechada.
O papel dos EUA

Crédito, Reuters
O presidente dos EUA, Donald Trump, abreviou sua presença na cúpula do G7 por conta da crise.
“Devido ao que está acontecendo no Oriente Médio, o presidente Trump partirá hoje à noite, após o jantar com os chefes de Estado”, escreveu a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, na rede social X.
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que, durante o encontro no Canadá, o americano disse que estão acontecendo conversas para um cessar-fogo entre Israel e Irã.
Trump, escreveu horas antes, em suas redes sociais, que o Irã deveria ter assinado um acordo nuclear apresentado na rodada mais recente de negociações entre EUA e Irã.
Uma nova rodada de negociação estava prevista para o domingo (15) — mas, em meio aos ataques, foi cancelada.
“Em poucas palavras, o IRÃ NÃO PODE TER UMA ARMA NUCLEAR”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.
Ele também afirmou que “todos devem evacuar Teerã imediatamente”.
Mais cedo, Trump disse esperar que Israel e Irã cheguem a um acordo, mas ponderou que às vezes os países precisam “lutar até o fim”.
Trump teria dito a Netanyahu que assassinar Khamenei “não é uma boa ideia”, segundo uma autoridade citada pela rede americana CBS.
O presidente não comentou publicamente a notícia. Netanyahu não confirmou, nem negou.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghai, afirmou que, após o cancelamento das negociações nucleares entre EUA e Irã, os americanos precisam “condenar” os ataques israelenses contra o Irã para que as negociações continuem.
Baghai disse que as negociações são “sem sentido” na situação atual e acusou os EUA de serem “cúmplices” dos ataques israelenses.
O conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fez uma sessão de emergência nesta segunda-feira para discutir as repercussões dos ataques militares israelenses às instalações nucleares iranianas.
Na reunião, a AIEA afirmou que está acompanhando a situação atentamente e em tempo integral.
“Pela segunda vez em três anos, estamos testemunhando um conflito dramático entre dois Estados-membros da AIEA, no qual instalações nucleares estão sendo atacadas e a segurança nuclear está sendo comprometida”, afirmou Rafael Mariano Grossi, diretor da agência.
A AIEA “não ficará de braços cruzados durante este conflito”, acrescentou Grossi, pedindo por uma saída diplomática.
“Continuarei minha comunicação constante com as partes em conflito para buscar a maneira mais adequada de fazer isso acontecer”, colocou.
A sessão de emergência ocorreu em meio a negociações militares em andamento entre Irã e Israel, incluindo sobre ataques israelenses contra as instalações nucleares iranianas em Natanz e Fordow, afirma a repórter da BBC em Viena, Shabnam Shabani.
“A ação militar nunca foi um meio aceito para abordar as preocupações nucleares no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O Irã insiste que a comunidade internacional e o Conselho de Governadores da AIEA devem condenar os ataques. No entanto, dado o atual clima geopolítico, uma condenação assim parece improvável”, diz a repórter da BBC.
A China fez um apelo a Israel e Irã para que tomem medidas para reduzir a tensão, enquanto os ataques de ambos os lados continuam.
“Instamos todas as partes a tomarem medidas imediatas para acalmar as tensões, evitar que a região mergulhe em uma turbulência ainda maior e criar condições para retornar ao caminho certo de resolução de problemas por meio do diálogo e das negociações”, disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, nesta segunda-feira.
Os comentários foram feitos após outro porta-voz do governo chinês ter afirmado no domingo que “a China está disposta a desempenhar um papel construtivo no processo” de redução da tensão.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou ter dito ao premiê israelense no domingo que a diplomacia seria, em última análise, a melhor opção para lidar com o Irã, mas não chegou a pedir um cessar-fogo imediato.
Von der Leyen afirmou concordar com Netanyahu, em um telefonema, que “o Irã não deveria ter uma arma nuclear”.
Von der Leyen já havia criticado as ações de Israel em Gaza, mas afirmou que o descumprimento do Irã de tratados nucleares faz com que Israel tenha “o direito de se defender”.
“O Irã é a principal fonte de instabilidade regional”, disse a líder europeia.
Von der Leyen está atualmente no Canadá participando da cúpula do G7, onde afirmou que o conflito entre Israel e o Irã seria abordado, juntamente com a invasão russa da Ucrânia.
“O mesmo tipo de drones e mísseis balísticos projetados e fabricados pelo Irã estão atingindo indiscriminadamente cidades na Ucrânia e em Israel. Portanto, essas ameaças precisam ser enfrentadas em conjunto”, disse ela.
Os preços globais do petróleo subiram na segunda-feira, após a escalada do conflito entre os dois países.
No início do pregão na Ásia, os contratos futuros do petróleo Brent subiram mais de US$ 2, ou cerca de 2,8%, para US$ 76,37 o barril. O petróleo bruto dos EUA também subiu cerca de US$ 2, para US$ 75,01.
Os ganhos se somaram à alta de 7% registrada na sexta-feira.
Os negociadores no mercado estão preocupados com a possibilidade de o conflito entre Irã e Israel interromper o fornecimento da região.
O custo do petróleo afeta diversos outros preços na economia, como gasolina e alimentos.
Crédito: Link de origem