Após conhecer o destino Sara Silveira do Mercado das Viagens vai ter “São Tomé e Príncipe numa primeira linha de oferta”
Do Mercado das Viagens da Maia, Sara Silveira participou da viagem de familiarização a São Tomé e Príncipe organizada o mês passado pela Solférias. O Turisver esteve à conversa com esta agente de viagens para saber o que guardou na sua “mala” de memórias sobre estas duas ilhas.
Por Fernando Borges
Já na contagem final desta viagem que durante sete dias nos deu a conhecer e a vivenciar São Tomé e Príncipe, o que leva consigo?
Sendo África, apesar de não estar no continente, o espírito africano sente-se aqui. Através da cultura, das suas gentes, da comida, das paisagens… E também por ser África, pela falta de estruturas que aqui também se sente e que é comum a quase todo este continente. Mas, que me desculpe quem não aceitar esta minha opinião ou a achar descabida, essa falta de estruturas acaba por também fazer parte desse encanto, dando-lhe uma aura muito própria, direi mesmo, um por vezes doloroso encanto que, por muito que possa parecer estranho, acaba por moldar as suas gentes, demonstrando que, apesar das insuficiências por vezes bem visíveis, esta é uma gente que tem alegria no seu dia-a-dia, uma gente que tem sempre um sorriso no rosto, uma gente que cativa pela forma como recebe apesar de alguns “apesares”.
Esta aprendizagem vai mudar a forma de vender este destino, de o apresentar como uma opção a ter fortemente em conta quando os clientes lhe perguntam para onde ir de férias?
Eu não conhecia São Tomé, mas já era um destino que vendia, embora sentisse um bocadinho de dificuldade em o fazer, em aconselhar os meus clientes. A partir de agora já posso oferecer várias opções sobre onde ficar e o que fazer. Posso, por exemplo, e com conhecimento de causa, propor não só este destino aos meus clientes que queiram um destino muito tranquilo, recheado de paisagens maravilhosas, de fantásticas praias que são um convite ao relaxar e com excelentes estruturas hoteleiras, como aos que têm um perfil mais aventureiro, que gostam de alugar um jeep e explorar o destino. Posso, por exemplo, como opção, propor duas noites em São Tomé à chegada e outra à partida, e pelo meio mandá-los para o Príncipe, que foi o que fizemos nesta viagem.
Conhecendo já o destino, quais são as maiores dificuldades que aponta para o vender?
Sem dúvida o preço, que é um bocadinho caro, a que não é alheia a parte que diz respeito às ligações aéreas. Em São Tomé, os hotéis que conhecemos, são um pouco fracos olhando para os preços, excetuando o Omali, que tem uma relação preço/qualidade justa. Portanto. o leque de oferta coloca-nos algumas dificuldades e opções nessa equação, pois o cliente que está a pagar um preço alto exige qualidade. Já no Príncipe não sentimos isso, porque os hotéis visitados são quase todos de grande qualidade. São um pouco mais caros, é verdade, mas com um serviço mais exclusivo e de maior qualidade, que é o que os nossos clientes pretendem, como o que é oferecido, por exemplo, no Bom Bom e no Roça Sundy.
Como é que vai vender este destino? São Tomé isoladamente, ou numa conjugação entre as duas ilhas?
Penso que dá perfeitamente para vender o destino em separado, ou o combinado entre as duas ilhas. Acho mesmo que os clientes vão adorar qualquer uma das opções. Pessoalmente, penso que o ideal será fazerem esse combinado. Mas de certeza que os clientes vão gostar qualquer que seja a opção.
“Cada vez mais as pessoas mostram interesse por destinos que estão em voga, em parte devido às redes sociais, e São Tomé ainda não aparece no ranking das preferências nessa vertente por parte dos portugueses”
O que é que aponta como sendo as maiores insuficiências destas duas ilhas no que ao turismo diz respeito?
Cada vez mais as pessoas mostram interesse por destinos que estão em voga, em parte devido às redes sociais, e São Tomé ainda não aparece no ranking das preferências nessa vertente por parte dos portugueses. Mas acredito que, se São Tomé estiver mais presente, mais visível, junto do público português, quer através de reportagens publicadas na imprensa portuguesa, em especial dos que têm como leitores pessoas que gostam e querem viajar e com um posicionamento económico mais elevado, marcarem com uma presença mais forte a sua participação em feiras de turismo ou em workshops relevantes, no espaço de cinco anos transformar-se-á num destino muito procurado pelos portugueses. Mas não pode transformar-se num destino de massas pois aí começará a perder todo o seu encanto, a sua magia, passará a ser apenas mais um igual a muitos outros.
Disse que já vendia São Tomé e Príncipe. Este ano sente-se maior procura por este destino, face a nos passados?
A realidade é que não vendemos muito este destino, não tem muita procura. Mas nós também somos culpados porque quando um cliente vem ter connosco à procura de um destino tropical, um destino de praia, raramente temos apetência para vender São Tomé. Mas a partir de agora, porque já conheço o destino e já fui “picada” por ele, este aspecto irá mudar, passarei a ter São Tomé e Príncipe numa primeira linha de oferta.
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