quando o autocuidado vira cobrança e gera esgotamento estético

Cremes, séruns, máscaras, boosters, tônicos, ácidos. A promessa é de bem-estar, mas para muitas mulheres, o resultado tem sido o oposto: culpa, ansiedade e cansaço. O que antes era símbolo de liberdade e prazer, agora, começa a se transformar em mais uma cobrança silenciosa. No centro dessa tensão estética, surge o beauty burnout. Um tipo de esgotamento emocional e mental provocado pela busca constante por uma imagem ideal. Esta é alimentada por rotinas longas, expectativas irreais e um mercado que não para de crescer. Saiba mais:




Embora os especialistas da saúde mental ainda não reconheçam o beauty burnout como condição clínica, seus sintomas têm nome e impacto

Foto: Divulgação / Bons Fluidos

Beauty burnout: o cuidado que virou excesso

Primeiramente, segundo dados recentes, 53,7% dos brasileiros investe entre R$150 e R$350 por mês em produtos de beleza, sendo que os itens de skincare lideram a preferência, com 24,9% das escolhas. Ademais, a rotina do autocuidado, que deveria ser um gesto de escuta e conexão com o corpo, tem sido confundida com rituais extensos, caros e voltados mais a performance do que a necessidade real de cuidados com sua pele.

“Não é raro encontrar mulheres com uma prateleira cheia de produtos que não conversam entre si, nem com o que a pele realmente precisa. Isso gera frustração, sensação de fracasso e até reações adversas. Cuidar da pele deve ser uma prática funcional, não uma gincana cosmética”, diz a biomédica Vanessa Noronha, fundadora da Casa Biot.

Esgotamento estético

O excesso de informação, tendências e regras – muitas vezes contraditórias – amplia a sobrecarga de quem já acumula inúmeros papéis no dia a dia. Além disso, para a psicanalista Ana Matos – também filósofa e autora de ‘O Caminho para o Inevitável Encontro Consigo Mesmo‘ – o esgotamento estético é reflexo de uma pressão maior, enraizada na cultura patriarcal. “As mulheres foram historicamente treinadas a se perceber a partir do olhar do outro. O cuidado com a aparência, que poderia ser libertador, muitas vezes, se torna mais um mecanismo de controle disfarçado de liberdade.”

Simplifique

Para Noronha, simplificar a rotina de beleza pode ser mais benéfico do que adotar uma abordagem complexa e sobrecarregada. “Menos pode ser mais. Uma rotina enxuta, com produtos que realmente atendam às necessidades da sua pele, é mais eficaz e sustentável do que seguir inúmeros passos sem propósito claro”, afirma.

Adotar uma abordagem minimalista no autocuidado não significa negligenciar a saúde da pele, mas priorizar práticas que sejam coerentes com o estilo de vida e as reais necessidades individuais. Essa perspectiva promove um relacionamento mais saudável e equilibrado com a própria imagem.

Na contramão do beauty burnout

Na contramão dessa estética hiper produtiva, cresce um movimento de retorno ao essencial. Produtos multifuncionais, rotinas curtas e um olhar mais gentil no espelho vêm ganhando espaço como práticas sustentáveis e, acima de tudo, saudáveis. “Simplificar não é deixar de cuidar, mas sim eliminar o que é ruído. Fórmulas eficazes, uso consciente de cosméticos e escuta honesta do corpo formam uma nova lógica de beleza — mais conectada com a vida real e menos com o feed de influenciadoras”, explica Dra Vanessa.

Para Matos, por sua vez, essa mudança é também um gesto político. “Escolher uma rotina de autocuidado que respeita o cansaço, o tempo e a singularidade do corpo é uma forma de resistência. É retomar a autonomia sobre si mesma e desfazer a ilusão de que amar o próprio corpo depende de filtros ou rendimentos. Autocuidado não é meta. É pausa, acolhimento e verdade.”

Sintomas

Embora os especialistas da saúde mental ainda não reconheçam o beauty burnout como condição clínica, seus sintomas têm nome e impacto. Entre eles, a fadiga diante de novas tendências, decisões impulsivas motivadas pela estética e ansiedade com a autoimagem, por exemplo. “Quando o espelho vira um campo de batalha em vez de um espaço de acolhimento, algo precisa ser revisto”, alerta Matos.

Esse desgaste não acontece por acaso: o Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e essa pressão tem começado cada vez mais cedo. Em 2016, mais de 97 mil cirurgias foram feitas em adolescentes com até 18 anos, representando 6,6% do total de intervenções estéticas realizadas no país naquele ano.

Segundo as especialistas, o caminho está em redefinir o propósito do cuidado. Menos como um ideal a se atingir, e mais como um encontro possível entre corpo, mente e tempo. “A beleza não está no número de passos da sua rotina, mas na leveza de poder escolher, dia após dia, o que te faz bem. Sem culpa, sem excesso, sem teatro”, finaliza Vanessa.

Minimalismo no skincare

skinimalismo, que prega um skincare prático, simplificado e eficaz, e o uso de produtos minimalistas, com fórmulas com um número limitado de ingredientes-chave, que evitam fragrâncias, corantes e componentes potencialmente irritantes. Juntos, oferecem mais que uma cútis perfeita: a melhor versão da sua pele real.

“Enquanto o skinimalismo simplifica a rotina de cuidados com a pele como um todo, os produtos minimalistas concentram-se apenas em matérias-primas essenciais, frequentemente necessitando da combinação com outros produtos para alcançar resultados ideais. Ambas as abordagens visam promover uma rotina de skincare mais eficaz e menos complicada, se adaptando às necessidades individuais da pele”,  pontua Leliano Correa, sócio da Maitá Cosméticos.

“Em um mundo em constante movimento em direção à sustentabilidade e à simplicidade, a indústria de beleza não fica para trás. Com cada vez mais consumidores preocupados com a saúde da pele e com o meio ambiente, o skincare não deve ser apenas sobre os produtos em si, mas também sobre seu impacto positivo para a sua pele, para o seu tempo e para o planeta”, completa.

Vantagens do skinimalismo para a pele

  1. Melhora na barreira cutânea: Se propõe o uso de produtos de alta performance e fórmulas mais suaves, o que ajuda a fortalecer a barreira cutânea da pele, tornando-a mais resistente contra agressores externos, como poluição e clima.
  2. Menor risco de misturas incompatíveis: Reduz a quantidade de produtos, diminuindo as chances de misturar ingredientes que não se dão bem juntos. Isso é especialmente importante quando se trata de ingredientes ativos, como ácidos e retinóides, que podem causar reações adversas quando combinados de maneira inadequada.
  3. Sustentabilidade: Uma rotina de skincare minimalista é ecofriendly já que a produção é menor, o que reduz o volume do descarte de embalagens e geração de resíduos.

*Texto de La Presse Comunicação


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