O MPLA, na província do Huambo, sem conseguir encontrar outros meios, recorreu à violência e iniciou emboscadas contra as caravanas da UNITA — chegando ao ponto de até deputados à Assembleia Nacional serem brutalmente agredidos. Um verdadeiro caos.
Uma delegação da UNITA, chefiada pelo general e deputado à Assembleia Nacional, Apolo Yakuvela, foi alvo de uma emboscada violenta por parte de militantes do MPLA, quando pretendia entrar e realizar actividades políticas no município da Galanga, província do Huambo.
O Huambo é conhecido como uma das praças eleitorais mais competitivas do país — e, culturalmente, como o “bastião da UNITA”. Conquistar esse eleitorado tem sido, desde 1992, um dos maiores desafios do MPLA.
Face à dificuldade em conquistar politicamente a província, o MPLA parece não ter conseguido formular uma estratégia eficaz e, tudo indica, enveredou agora por uma via perigosa: a da violência.
Estes ataques hediondos ocorrem num momento particularmente simbólico da história recente. No mesmo dia em que deputados — representantes do poder legislativo, o terceiro poder constitucional — eram atacados no Huambo, o Presidente da República e também presidente do MPLA e da União Africana encontrava-se em Luanda a condecorar um grupo restrito de cidadãos com medalhas banhadas a ouro, em reconhecimento pelo alegado contributo destes à Paz, ao Desenvolvimento e à Reconciliação Nacional — no quadro das comemorações dos 50 anos da independência nacional.
É tal a contradição e a vergonha deste episódio que dificilmente se poderá estabelecer uma ligação coerente entre os dois acontecimentos. Se, por um lado, se celebram publicamente valores como a reconciliação, e por outro se atacam caravanas de um partido da oposição, então algo está profundamente errado com essa dita reconciliação nacional — e isso é gravíssimo.
O deputado agora atacado, juntamente com a sua comitiva, deslocava-se àquela região no âmbito da nova Divisão Político-Administrativa, com o objectivo legítimo e constitucional de implementar e consolidar as estruturas partidárias da UNITA no território.
Importa sublinhar que, a UNITA, portanto, a única esperança do povo angolano para uma Angola melhor e próspera, notificou previamente às autoridades competentes, no pleno exercício de um direito que a Constituição da República de Angola consagra a todos os partidos políticos legalmente reconhecidos, nos termos do artigo 17.º da Lei Fundamental.
A realização de emboscadas, ataques a caravanas e agressões a deputados são sinais inequívocos de que o conceito de Estado-nação em Angola pode estar a entrar em colapso.
Num momento em que se celebram 50 anos de independência, se ainda assistimos a episódios de intolerância política, se ainda não somos capazes de conviver com a diferença, e se o MPLA insiste na violência como ferramenta de acção política, então talvez tenhamos falhado — não apenas como projecto de nação, mas como povo.
O MPLA, nesse contexto, falhou redondamente no cumprimento da sua simbólica e falaciosa promessa de Agostinho Neto, segundo a qual: “De Cabinda ao Cunene, um só povo e uma só nação.”
Crédito: Link de origem