“As músicas são um convite para se apaixonar quando for a São Luís”, diz Enme sobre EP – NOIZE

Um lugar pode influenciar a nossa criação artística? Essa foi uma das perguntas que fiz para Enme Paixão, dona do EP MOVEDIÇA (2025). Cantora, compositora e produtora cultural, a artista apresenta seu novo trabalho com um mix de gêneros: rap, amapiano, reggae e afrobeat. Ela também aproveita para homenagear sua ancestralidade africana, unindo-a a ritmos atuais.

Enme é natural do Quilombo Liberdade e iniciou a sua carreira musical em 2018, com o single Sarrar. Ao longo de sua trajetória, a cantora já conquistou diversos prêmios com o EP Pandú e foi a primeira artista trans a ser premiada no Maranhão na categoria de melhor direção. Nessa nova — e intensa — fase musical, ela também participou da criação visual de seu novo projeto.

*

Em MOVEDIÇA, Enme aproveita para realizar colaborações com os artistas FBC e Uana, nas faixas “ESPERANDO O SINAL” e “LUA CHEIA”, respectivamente. O EP foi desenvolvido com o produtor Kafé e busca abordar temas românticos e pessoais, com referências à cidade de São Luís, no Maranhão, onde a cantora cresceu. “Dose de jambu na língua, sobe a liga”, diz o trecho de “TE LEVO NOS LENÇÓIS”, que faz referência a uma bebida típica da região amazônica. 

“Sinto que as músicas também são um convite para você se apaixonar quando for a São Luís”, conta ela, em entrevista à Noize. 

Confira abaixo nosso bate-papo: 

Como foi o processo de composição do MOVEDIÇA? Teve alguma faixa inesperada, ou músicas que tiveram que ser deixadas de fora do EP na hora da seleção por não combinar tanto com a mensagem que você gostaria de passar?

O EP, até então, teria três faixas. Quando finalizamos os visuais de “TE LEVO NOS LENÇÓIS”, meu amor virou para mim e disse ‘tá uma coisa bem movediça’. Ali surgiu o nome do EP e a ideia da música tema. Por sinal, todas as músicas falam de encontros. Tem muita música que ficou de fora.

Desde o nome até os versos, o EP faz várias referências ao Maranhão, misturadas com o clima romântico nas faixas. Como você conseguiu unir esses dois mundos? 

Eu sou da ilha do amor, terra dos poetas, do reggae agarradinho, tudo isso reverbera nas minhas referências. Eu sinto que as músicas são também um convite para você se apaixonar quando for em São Luís.

Você já está há alguns anos na cena musical, desde 2018, quando seu primeiro single foi lançado.  O que mudou na sua trajetória, tanto no seu som quanto na sua percepção do mercado e do público?

Eu tenho ficado mais em paz com o som que eu faço. Estou mais convicta do que eu quero e para quem eu canto. Os 30 anos também me trouxe uma calma, uma tranquilidade e a certeza de que eu não faço qualquer coisa e minha verdade conecta com quem precisa.

O EP possui dois feats, com os cantores FBC e Uana. Como foi a dinâmica de criação das faixas? O que você acha que eles acrescentaram para o MOVEDIÇA?

Em 2023, eu comecei a construir essa música com FBC. Ela foi o ponto de partida do EP.  Preparei a lua de mel do FBC no Maranhão e assim a gente se conectou mais ainda. Uana é uma artista que eu tenho um carinho enorme desde 2020 e a gente sempre quis trabalhar juntas. Quando ‘LUA CHEIA’ nasceu no estúdio, eu logo mandei para ela e nosso match bateu. O mais legal é que todos os feats são conexões reais que geraram música.

Além de compor músicas, você dirigiu também os visuais do EP, que é um processo completamente diferente. Como foi o processo de transitar entre esses nichos distintos? Foi desafiador para você? 

Fazer audiovisual é sempre um desafio, mas é essencial trabalhar com pessoas que acreditam no seu projeto, que tem sinergia no set. Eu gosto muito de dirigir meus clipes ou roteirizar. Foi nossa primeira produção em São Paulo, então eu precisei entender a dinâmica daqui. O mais gostoso foi perceber a equipe que tá formando aqui junto dessa era.

Quais foram as suas influências musicais mais marcantes no processo de criação desse EP? 

O álbum da Ayra Starr, Lauryn Hill, Burna Boy e Shenseea. Eu ouvi muito Skip Marley para imprimir essa identidade reggae, dancehall e afrobeat no EP.

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.