Fátima Vila Nova esposa do Presidente da República de São Tomé e Príncipe falou com o Turisver sobre o turismo no seu País

Foi num jantar no Roça Sundy que o grupo de 10 de agentes de viagens convidados pela Solférias a participarem numa fam trip às “ilhas do chocolate” teve a companhia da Primeira-dama de São Tomé e Príncipe, Fátima Vila Nova, que aceitou o desafio feito pela Turisver para uma pequena conversa.

Por Fernando Borges

Como mulher são-tomense, como sente esta terra, como a define, que sentimentos esta terra lhe provoca?

Esta terra, como nós dizemos, é uma terra santa, abençoada. É uma terra que está no meio do mundo e em que Deus pôs as mãos, abençoando-a, onde comemos o que germina da semente que atirámos à terra. E é deste gesto tão genuíno e simples que é feito São Tomé e Príncipe, uma terra também abençoada por um povo amável e acolhedor.

Poderei afirmar que este é um sentimento especial para si, pois é esposa de Carlos Manuel Vila Nova, Presidente da República de São Tomé e Príncipe?

Eu penso que sim. Porque de certa forma represento as mulheres do meu País e elas reveem-se na atividade da mulher do Presidente, e se ela for uma mulher ativa em prol das mulheres, elas veem que podem ser ajudadas por esta mulher, que ela se preocupa com elas, que ela é mais uma entre elas, que comunga das mesmas preocupações e anseios. E claro que isto provoca em mim um sentimento especial, ao mesmo tempo que me dá uma responsabilidade dupla.

Nas viagens em que acompanha o Presidente da República, que imagem do seu País leva consigo para os encontros que tem com as mulheres de outros presidentes?

Nos encontros entre mulheres de presidentes, geralmente debatemos sobre a violência que existe em todo o mundo, e África, em especial, não está fora deste contexto, que é o abuso sexual de mulheres, o abuso de menores, a violência doméstica… Debatemos e comparamos realidades do que se passa em cada um dos nossos países. Mas tenho sempre a preocupação – por sentir que este é um País que apesar de estar a ser cada vez mais conhecido continua igualmente desconhecido, até porque muitas dessas mulheres me perguntam “onde fica situado São Tomé?”, ao que respondo “nós estamos ali, mesmo no centro do Mundo” – de levar a nossa essência.

Mas muitas vezes a primeira imagem que levo comigo para mostrar às outras mulheres de presidentes é essa figura de um País que é o centro do Mundo, portanto, único. Claro que levo a imagem de um País naturalmente genuíno, verdadeiro, de gente maravilhosa, com um património cultural e histórico muito rico, e que tem tudo para ser um destino turístico dificilmente equiparável.

“Muitos dizem que São Tomé não tem muitos turistas… mas vão aparecendo. O que não temos é turismo de massas, e felizmente que assim é. O nosso turismo é um turismo seletivo”

E já que fala em turismo… O que falta a São Tomé para se afirmar como um destino turístico de excelência, para cativar mais turistas?

A nossa localização, como disse, bem no centro do Mundo, perto de países que são e que podem ainda ser mais porta de acesso e de ligação ao nosso País, como Angola, Gabão ou Guiné Equatorial, todos eles a escassa uma hora e meia de distância, e de estarmos apenas a seis horas de Lisboa, logo da Europa, e tudo o que aqui existe de naturalmente belo, proporcionando inúmeras experiências, faz com que São Tomé e Príncipe reúna todas as condições para se tornar num destino turístico por excelência. Agora, o que tem que acontecer é ser trabalhado.

Muitos dizem que São Tomé não tem muitos turistas… mas vão aparecendo. O que não temos é turismo em massas, e felizmente que assim é. O nosso turismo é um turismo seletivo, é um turismo que tem como os turistas principalmente quem já cá esteve ou que nos conhece, turistas oriundos de mercados como Portugal, França, Alemanha…. Não sendo um País de turismo de massas, como já afirmei, precisa de ser mais divulgado, mas sem colocar em causa o que somos e o que temos.

Que importância tem atualmente o turismo para a economia de São Tomé?

Eu digo que com o turismo, como acontece em toda as partes do mundo, e nós não somos exceção, o dinheiro torna-se transversal porque todos ganham, desde as companhias aéreas com a venda dos bilhetes aos hotéis, das senhoras do mercado às empresas de rent-a-car ou às pessoas que fazem o artesanato… Ou seja, saímos a ganhar todos pois é um dinheiro que é distribuído por todos.

Em que áreas do turismo deveria haver uma maior aposta? Quais as maiores insuficiências?

O que falta em São Tomé e Príncipe são atividades. Por exemplo, o turista em geral gosta de vida noturna, e aqui pouco ou nada existe, sendo este  um exemplo do que temos que pensar, do que temos que fazer. Também, apesar de sermos uma ilha, faltam-nos atividades náuticas e, com esta entrevista, espero que apareçam investidores que venham aqui investir também nesta área.

E como deverá ser o futuro do turismo em São Tomé?

Devemos fazer uma grande aposta no turismo sustentável, preservando ainda mais a nossa natureza, até porque a ilha do Príncipe integra a Rede Mundial das Reservas da Biosfera da UNESCO. Por isso não nos interessa massificar o turismo, de forma a preservar o que Deus nos deu de tão bom, que é a natureza. E isto faz-me lembrar uma frase de um meu colega que diz que “São Tomé tem tudo, só não tem comparação”.

Está esta noite rodeada de agentes de viagens que fazem parte de uma fam trip que tem como principal objetivo dar a conhecer e descobrir estas ilhas. Que importância têm, na sua opinião, este tipo de ações?

É muito bom que cá estejam e que venham mais porque há uma grande diferença entre o “ouvir falar” e o vivenciar o destino, e o facto de participarem nesta fam trip faz com que levem uma ideia real sobre esse destino para entregarem em mão aos seus clientes o que é e como é São Tomé e Príncipe, que experiências podem ter…, porque o agente já viveu essa experiência, já leva uma visão real sobre o destino. Aliás, nós aqui temos uma expressão, que julgo existir também em Portugal e que diz “ver para crer como São Tomé”. Pois estamos em São Tomé! 

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