A precariedade das condições de trabalho na Unidade de Hemodiálise da Guiné-Bissau continua a colocar em risco a vida de pacientes com insuficiência renal. Informações recentes indicam que uma máquina de hemodiálise avariou durante o tratamento de uma paciente, levando os técnicos, sem alternativa imediata, a orientá-la a regressar a casa. Quatro dias depois, a paciente retornou ao centro para uma nova sessão, mas acabou por falecer durante o procedimento, alegadamente devido a “problemas técnicos”.
A vítima, Sábado Quecna Cabi, mãe de sete filhos e com o marido a residir no estrangeiro, faleceu na Unidade de Tratamento de Hemodiálise no dia 17 de Maio deste ano.
Segundo relatos dos familiares, o quadro clínico de Sábado agravou-se em Abril, quando iniciou sessões de hemodiálise duas vezes por semana. No entanto, mesmo com o tratamento não apresentou melhorias significativas. A 13 de Maio, durante mais uma sessão, a máquina de hemodiálise deixou de funcionar subitamente, retendo uma quantidade significativa de sangue da paciente no equipamento. Sem solução técnica disponível, os profissionais de saúde orientaram-na a regressar a casa, prometendo avisar quando o tratamento pudesse ser retomado.
“Naquela mesma noite, ela sentiu-se mal. Comunicámos imediatamente aos responsáveis do serviço de hemodiálise o que estava a acontecer. Três dias depois, como não houve qualquer melhoria, regressámos ao hospital para um novo tratamento”, relatou um familiar.
A segunda tentativa de tratamento ocorreu a 17 de Maio. Desta vez, as informações sobre o que se passou durante o procedimento são escassas, já que o acompanhamento dos familiares foi limitado. Sabe-se, contudo, que além da falta de equipamentos adequados, a preparação técnica dos profissionais também tem sido alvo de críticas.
De acordo com dados do próprio Hospital Nacional Simão Mendes, a Guiné-Bissau contava, antes da inauguração da Unidade de Hemodiálise, com apenas um técnico especialista, que residia no Senegal. Após a abertura da unidade, alguns profissionais foram enviados para o país vizinho para um curso intensivo, numa área que, idealmente, exige pelo menos sete anos de formação.
A morte de Sábado Quecna Cabi expõe, mais uma vez, a fragilidade do sistema de saúde guineense e a urgente necessidade de investimento em infra-estruturas, equipamentos e formação de pessoal para garantir um tratamento digno e seguro aos doentes renais.
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