Brasília – No meio de um mundo ainda marcado por desigualdades coloniais, Luiz Inácio Lula da Silva jogou luz sobre uma conta histórica: a exploração do povo africano durante mais de 350 anos. Em discurso no 2º Diálogo Brasil-África, o presidente afirmou que o Brasil tem uma dívida impagável com o continente, mas que pode — e deve — quitá-la com solidariedade, tecnologia agrícola e compromisso com o desenvolvimento sustentável.
“Não dá pra pagar em dinheiro”, disse Lula, de forma direta, ao lembrar que a brutalidade do tráfico de pessoas e da escravidão não se compensa com cifras, mas com ações concretas. Ele destacou que o país pode ajudar na produção de alimentos, na partilha de conhecimento e na luta contra a fome — problemas que seguem sendo ignorados por governos que preferem discursos vazios a políticas públicas reais.
Lula propõe aliança prática contra a fome
Enquanto governos conservadores pelo mundo sabotam acordos multilaterais e fingem que a pobreza é uma escolha, Lula foi direto: a fome é fruto da negligência política. O presidente aproveitou o evento internacional para criticar duramente a inércia global e reforçar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, criada sob liderança brasileira no G20.
“Chega de altos discursos e baixa execução”, disparou. O recado não foi apenas para fora. Também ecoa em um Brasil que já viu o mapa da fome reaparecer nos últimos anos, cortesia do desgoverno bolsonarista que desmontou programas sociais e sabotou a agricultura familiar.
Mais de 40 países africanos em diálogo com o Brasil
O evento, que vai até quinta-feira (22) em Brasília, reúne mais de 40 delegações africanas, além de entidades da agricultura familiar, organismos internacionais, bancos de desenvolvimento e cooperativas. Na pauta, estão desde investimentos em agropecuária até tecnologias sustentáveis, passando por temas urgentes como o reuso de água e a resiliência ao clima seco.
As visitas de campo incluem regiões do Entorno de Brasília e o Vale do São Francisco, com foco em soluções práticas como bioinsumos, integração de sistemas agrícolas, agricultura irrigada e rebanhos resistentes à seca — conhecimento brasileiro que pode ser compartilhado com quem há séculos foi espoliado.
Brasil pode virar referência global se sair da retórica
Ao defender uma atuação solidária e técnica, Lula mostra que o Brasil ainda pode ser líder moral e tecnológico no combate à fome global. Mas isso exige mais do que eventos: requer continuidade de políticas públicas, financiamento justo e comprometimento político real — algo que a extrema-direita brasileira tentou destruir em nome de um projeto de morte e desinformação.
O gesto de Lula é simbólico e político. Reconhecer a dívida histórica com a África é um passo, mas o próximo é transformar isso em parcerias concretas, conhecimento compartilhado e um modelo de desenvolvimento mais justo.
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