O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Pela quarta vez desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. Em reunião nesta terça-feira (20), o chanceler falou sobre o asilo concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, e a saída de venezuelanos da embaixada da Argentina em Caracas, entre outros assuntos.
Logo no início de sua fala, o chanceler afirmou que o asilo foi dado por conta da “urgência humanitária”, e que Nadine enfrentava problemas de saúde.
— A senhora Heredia foi submetida a cirurgia grave recentemente, relacionada à coluna cervical, e está em recuperação. Ela também tem um filho menor de idade que ficaria desassistido, tendo em vista que seu marido está detido. A concessão do asilo diplomático é prática tradicional do Brasil […] a concessão obedece a um rito protocolar e não cabe discussão do mérito — disse Vieira.
Segundo Vieira, o governo peruano foi consultado e não se opôs ou questionou o pedido. Além disso, o ato contou com o aval do presidente Lula.
O ministro também foi questionado sobre a saída de venezuelanos opositores de Nicolás Maduro da embaixada da Argentina em Caracas no começo do mês. O Itamaraty informou que só tomou conhecimento do fato após os opositores já terem deixado o local. A embaixada está sob custódia do Brasil desde agosto de 2024, já que o governo argentino não reconheceu a vitória de Maduro.
— Não participamos da fuga, do mecanismo, do complô para a fuga e não sabemos (como saíram). Esperamos um dia receber essa informação — disse Vieira.
Ainda não há detalhes sobre como os opositores conseguiram deixar a sede diplomática e o chanceler disse ter a informação de que os asilados estão nos EUA, mas que não sabe como chegaram lá.
Demais assuntos
Mauro Vieira negou ter havido “mal-estar” diplomático com o governo chinês após declarações da primeira-dama, Janja da Silva, em um jantar da comitiva brasileira com o presidente da China, Xi Jinping. Na ocasião, Janja teria pedido a palavra e falado sobre a regulamentação das redes, dizendo que o TikTok favorecia a direita. Contudo, Vieira afirmou que foi o presidente Lula quem fez menção e que teria pedido “auxílio” à primeira-dama. O ministro também negou haver convite para que autoridades chinesas venham ao Brasil.
Sobre a viagem de Lula à Rússia para as comemorações do Dia da Vitória, que marcou os 80 anos da derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, Vieira defendeu a agenda do presidente em Moscou. A visita foi criticada pela oposição, que interpretou o gesto como um “apoio” ao presidente russo, Vladimir Putin, diante da guerra com a Ucrânia.
— A viagem à Rússia foi única e exclusivamente uma celebração. Não houve outra intenção e não houve uma participação em outro sentido.
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